sáb, 27 abril 2024

Crítica | Duna: Parte 2

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Por mais incrível que tenha sido o lançamento do primeiro Duna, em 2021, o filme foi prejudicado devido ao lançamento simultâneo para o cinema/streaming. E por mais que tenha sido um sucesso, tirou o fator impacto do longa, e muito também devido ao restabelecimento do cinema pós pandemia. Agora, a segunda parte enfim chegou, após seu adiamento devido a greve dos atores/roteiristas, finalmente temos a conclusão da jornada de vingança de Paul Atreides. Paul Atreides se une a Chani e aos Fremen enquanto busca vingança contra os conspiradores que destruíram sua família. Enfrentando uma escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo, ele deve evitar um futuro terrível que só ele pode prever.

Duna: parte 2 se apresenta melhor do que seu anterior por justamente mergulhar de cabeça no universo apresentado. Enquanto o primeiro funciona de uma maneira introdutória e até bastante didática com o público que está conhecendo a obra, aprendendo conceitos e estabelecendo minimamente os conflitos e motivações de cada núcleo. Já o segundo ele desenvolve melhor as questões políticas e aprofunda a jornada física e mental do protagonista, com questões pertinentes sobre religião.

E pra falar a verdade, Duna é uma explosão audiovisual, uma perfeita combinação de elementos visuais e sonoros, tanto no excelente trabalho (de novo!) de Hanz Zimmer, passando perfeitamente o sentimento daquele cenário áspero, mas glorificando o lugar e os diversos momentos da jornada. O diretor Denis Villeneuve é conhecido por seu estilo de criar momentos visuais friamente calculados, e aqui não é diferente, o cineasta esbanja ao criar situações que brilham os olhos ao realmente parecer que Arrakis existe de fato. Tudo isso fica claro na parte inicial, onde acompanhamos a relação de Paul com o povo Fremen, é tão impressionante e gratificante de se ver, é um coração que faltava no filme anterior, aquele sentimento apático do antecessor é desaparecido aqui, temos de fato uma construção emocional dos personagens entre si.

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A questão moral que faz jus com esse coração do filme é o debate da construção do mito de Paul Atreides e os dilemas quanto a religiosidade e o impacto que ela deve ter com aquelas pessoas. O filme vai trabalhar esse desenvolvimento do protagonista quanto seu destino e vai acabar incorporando em seu amadurecimento, tanto na maneira de pensar quanto nas próprias falas do personagem. E ao seu redor também sentiremos o impacto, seja na questão de divisão dos Fremen entre acreditar ou não na lenda,  e observamos os  lados incorporados por dois personagens: Chani acredita nos malefícios de se subjugar os ideais de seu povo quanto uma lenda velha e um possível distanciamento do que eles acreditam e praticam entre si. Já Stilgar funciona da maneira quando o fanatismo religioso acaba incorporando mais do que o necessário, procurando justificativas para tudo. É um batalha moral interessante de se acompanhar ao longo da jornada.

Por mais que deixe claro o peso sentido nesse filme, o diretor ainda apresenta alguns problemas já observados no longa anterior, não só na maneira que ele limita a ação de seu filme, mas em alguns momentos ele não parece saber o que fazer com determinados personagens. A maneira da ação e movimento do diretor teve um leve incremento em relação ao seu anterior e dois momentos realmente são bem utilizadas: a Arena de gladiadores e o duelo final, porém ele acaba limitando muito sua violência e impacto da ação/ movimento. E quanto a questão de personagens perdidos, o sentimento é do diretor simplificar as ações desses mesmos, isso é notável para personagens como o Imperador, a princesa Irulan e o deslumbre da irmã do Paul Atreides. São atores talentosos que aparecem muito pouco para o potencial de seus personagens, é uma falha que é muito maior no filme anterior do que aqui, porém ainda é notável essa pertinência do diretor em simplificar demais o desenvolvimento com seus personagens/mitologia.

E quanto o trabalho dos atores, observamos uma elevação do degrau para certos personagens  quanto a maneira que são incorporados na história. Não só o mais óbvio deles, Paul Atreides, e seu amadurecimento quanto figura lendária, transmitido muito bem por Timothée Chalamet, principalmente nos momentos de discurso e na própria voz mesmo, o filme faz questão de deixar isso claro e funciona. A personagem da Lady Jessica incorpora uma nova etapa ao ganhar um papel político da mesma ao funcionar como uma delegada de campanha com a figura de seu filho e aos poucos passando a sensação para o povo da chegada do Messias. Stilgar interpretado por Javier Bardem funciona de uma maneira diferente do filme anterior, ele apresenta uma mistura entre o fanatismo já citado anteriormente aqui, porém um leve alívio cômico devido o gigante carisma do ator. A figura da Zendaya como Chani incorpora esse elemento de questionar tudo até o final, e por mais que não seja diferente do que já vimos do potencial da atriz, sua força é notável. O novo vilão apresentado, Feyd Harkonnen, é uma ótima adição com a vasta galeria de personagens, ele apresenta uma psicopatia sentida no olhar, não só se limitando nas ações do mesmo, e se mistura perfeitamente esse visual icônico criado para os Harkonnen ao filme.

Duna: parte 2 apresenta um padrão muito acima da média dos diversos blockbusters lançados nos últimos tempos. É um cuidado nítido do diretor em apresentar uma vasta competência de escala, criar momentos, misturar trilha sonora, imagem e caprichos que acabam justificando a ida ao cinema. É realmente de brilhar os olhos ao testemunhar aquela imensidão do universo e acaba matando essa saudade que o cinema hoje em dia fica devendo com ficções científicas grandiosas. Quanto uma sensação de grandiosidade e mitologia, que venham mais continuações!

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