dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Elvis

Publicidade

A mais nova tendência de Hollywood são as cinebiografias, por bem ou por mal foram intensificadas com a presença de filmes como Bohemian Rhapsody (2018) e Rocketman (2019). O cantor Elvis Presley entra em uma categoria muito requisitada por qualquer tipo de artista, sua passagem curta, mas extremamente marcante na história da música. É fato que muita gente daria tudo para poder assistir ao vivo uma única vez. Não á toa, milhares de pessoas se vestem como o cantor e todos os anos e prestam homenagens ao ícone do rock. Elvis possui um grande vilão nessa longa trajetória de 2h39 minutos, seu nome é Baz Luhrmann.

O filme aborda a vida e a música de Elvis Presley (Austin Butler) sob o prisma da sua tumultuada relação com seu empresário enigmático, o coronel Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker, que se estendeu por mais de 20 anos, desde a ascensão de Presley à fama até seu estrelato sem precedentes, tendo como pano de fundo a evolução da paisagem cultural e a perda da inocência na América.

É evidente notar a experiência do diretor Baz Luhrmann (“O Grande Gatsby”, “Moulin Rouge”) com musicais, seja pela filmografia envolvendo musicais ou pelas características de direção e visuais. Luhrmann é um divisor de águas, enquanto existem pessoas que adoram seu estilo exuberante e exibicionista, outras acreditam no exagero de interferência do cineasta no conjunto da obra. Infelizmente Elvis apresenta problemas similares a outros obras do mesmo: a falta de coesão visual, as cansativas mudanças de cenários, e uma pressa estabelecida desde o primeiro minuto do longa. É triste imaginar que o fetichismo de Baz interfere no conjunto da obra, tanto que nos momentos apresentados como “cenas comuns” é um alívio para  tantos jogos de luzes, cores e enquadramentos. O cineasta almeja algo similar com antigos filmes de sua carreira, mas não consegue cumprir seu objetivo, tanto que acaba que interferindo na real estrela do filme: Austin Butler.

Publicidade

O ator de apenas trinta anos se entrega para o papel, sua crescente atuação ao longo do filme é o ponto mais notável da obra. Ele absorve cada um dos trejeitos de Elvis, desde os movimentos polêmicos com o quadril até a peculiar vocalidade do cantor. A diversão e empenho de Butler é impressionante, se transforma num verdadeiro show, em diversos momentos( especialmente nas apresentações no palco) esquecemos a figura do ator e passamos a enxergar o próprio astro, não é uma imitação, é atuação.

Em contrapartida, temos um atuação curiosa de Tom Hanks, vivendo o coronel Tom Parker. É inegável o talento do ator, mas sua interpretação caricata e uma grande estranheza passada pelo personagem, combinada com a desnecessária pressa do diretor nos primeiros 40 minutos da obra quase que afasta o público da história apresentada. Quando o roteiro se apresenta menos corrido, conseguirmos melhor entender a personalidade do personagem e suas motivações. A história é contada do começo ao fim pelo personagem.

Talvez o ponto mais interessante da obra é o impacto   da figura de Elvis Presley como símbolo sexual e consequentemente em outros meios na sociedade americana. Pela época retratada, é evidente o conservadorismo em massa que existia, de forma até que humorística a obra apresenta com reações e gritos da plateia (principalmente das jovens mulheres) toda a sensação deixada pelos icônicos trejeitos do artista. Isso repercute de forma “criminosa” para o cantor, com eventuais censuras e limitações de suas performances no palco. Além disso existem cenas mostrando as influências musicais de Elvis, que eram a música pop e country da época, a música gospel que ele ouvia na igreja e nas noites de cantoria que ele frequentava, e o R&B que ele absorveu na histórica Beale Street quando adolescente em Memphis. Ele ainda estrelou diversos filmes de sucesso. É fato que o astro conduziu uma nova era da música e cultura pop americana.

Elvis fica no meio termo como cinebiografia, ganha muito pela atuação de Butler, mas devido aos tropeços da direção acaba que não oferecendo uma experiência completa. A performance do ator irá agradar até os fãs mais antigos do astro, e apesar da duração longa, a obra tem potencial de conquistar os interessados nessa nova onda de Hollywood.

Publicidade

Publicidade

Destaque

Crítica | Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa

A Turma da Mônica, criada por Maurício de Sousa...

Crítica | Bagagem de Risco

Em Bagagem de Risco, Ethan Kopek (Taron Egerton), um...

Nosferatu | Diretor agradece Bob Esponja por apresentar personagem aos jovens

Em entrevista à Variety, Robert Eggers, diretor da nova...
A mais nova tendência de Hollywood são as cinebiografias, por bem ou por mal foram intensificadas com a presença de filmes como Bohemian Rhapsody (2018) e Rocketman (2019). O cantor Elvis Presley entra em uma categoria muito requisitada por qualquer tipo de artista, sua...Crítica | Elvis