sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

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Renato Russo em entrevista na década de 1980 declarou: “Não crie expectativas, já ouvi falar que elas causam lágrimas.” e ele está certo. Expectativa e realidade por vezes não batem e o sentimento que isso provoca é uma frustração sem tamanho. Ainda que isso seja inconsciente, quase sempre é alimentado por alguém/algo. Nesse contexto, o filme mais esperado do ano é Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e a Sony/Marvel souberam intensificar essa expectativa. A espera acaba neste dia 16, com a estreia nos cinemas brasileiros desse terceiro filme-solo do personagem protagonizado por Tom Holland.

Sony Pictures/ Divulgação

Sem muito mistério: Homem-Aranha atinge a expectativa criada pelos fãs… Mas não é um filme ÉPICO. Não por falta de qualidade, mas sim por falta de cuidado em alguns aspectos, que com o tempo vão se acumulando e minam a proposta da obra. O filme de 2h 28m passa voando. Jon Watts (Clown) opta por realizar uma produção frenética, algo que é positivo por dar dinamicidade a história, mas ao mesmo tempo acaba por não dar “um respiro” ao público que é bombardeado com informações, novos personagens, easter eggs e tantas outras coisas que no fim, poucas acabam se tornando realmente marcantes. Essa pressa em contar a sua história pode ser observada em dois momentos importantes da trama. No primeiro uma certa situação acontece com um personagem é o diretor (pela primeira e única vez) dá um tempo para aquilo ser compreendido pelo espectador e o resultado é chocante, já em outra situação algo tocante acontece e quando vamos começar a compreender o real significado daquilo BOOOM vem um cena de ação em seguida e o significado daquele momento se perde, na maioria da vezes o roteiro opta por inserir uma piada para quebrar o clima e dar prosseguimento a história. Watts usa de modo exagerado a montagem elíptica e perde diversas chances de chocar e até marcar uma geração por querer ser dinâmico.

Mas calma a direção dele não é uma tragédia, a construção das cenas de ação são ótimas. O diretor opta por usar planos mais longos e com poucos cortes o que dá um bom entendimento do que está acontecendo. O diretor ainda encaixa um belo plano sequência que serve com um resumo da trama do filme anterior, Longe de Casa e consegue desenvolver bem a problemática do novo filme. Ainda no aspecto técnico é preciso salientar que os efeitos especiais são muito bons e na maioria das vezes atingem a perfeição, mas temos algumas escorregadas aqui e ali, mas nada que vá prejudicar o filme. Mas faltou uma atenção maior em algumas cenas onde os efeitos estão bem perceptíveis. No mais os efeitos de rejuvenescimentos digitais do Dr. Octopus e do Duende Verde são excelentes e as cenas do terceiro ato são ótimas. Por fim, a trilha sonora composta por Michael Giacchino (Ratatouille) é o ponto alto da produção, um trabalho muito bom e que dá o toque certo as cenas na quais são inseridas.

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O roteiro escrito pela dupla Chris McKenna (Igor) e Erik Sommers (Jumanji: Bem-vindo à Selva) desenvolve as situações de um modo que é preciso quase sempre que o espectador “embarque naquela ideia” sem pensar muito, pois se você parar para analisar vai notar que metade das situações poderiam ser desenvolvidas de modo muito mais simples ou até encerradas sem muita cerimônia. As piadas e sacadas são inseridas de modo bacana na trama e, mesmo quebrando o clima, são divertidas e devem arrancar boas risadas. Os vilões anunciados e participações especiais que acontecem no filme tem uma função narrativa, não sendo apenas easter-eggs ambulantes e cumprem suas funções com louvor, alguns com mais espaço, outros com menos, mas todos agregam ao filme. Por falar em easter-eggs, Sem Volta Para Casa é um verdadeiro liquidificador de referências do MCU, das produções do Aranhaverso e dos quadrinhos. Os fãs fascinados por isso vão amar a produção! Entre todos os personagens apresentados os grandes destaques são: Willem Dafoe (O Farol) que reapresenta Norman Osborn como um ser maquiavélico e manipulador, sendo aqui um antagonista insano e de muito peso. Além de Dafeoe, Tom Holland (Chaos Walking) brilha e consegue externar o desespero e medo que Peter Parker sente por ter sua identidade secreta revelada, além de carregar com maestria o peso do legado do herói. O amadurecimento do ator a cada filme é perceptível e nesse filme ele se afasta de vez da imagem de garoto protegido e que depende demais dos outros (leia, Tony Stark).

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa é um presente de natal adiantado para os fãs do teioso, esse é o filme que os fãs imaginaram e tanto desejaram. Mas ao mesmo tempo é um filme que deixa um gosto agridoce na boca ao fim da sessão, pois deixa a sensação de que poderia ter sido mais do que isso. Mas assista ao filme e curta a experiência, lembrando que quanto menos expectativa melhor.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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