qua, 11 dezembro 2024

Crítica | Indiana Jones e o Chamado do Destino

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As chances são grandes de você estar na mesma posição que eu. Assistiu aos filmes de Indiana Jones há muitos anos, lembra de ter gostado dos dois primeiros, a memória fica embaçada no terceiro e você nem tem certeza se viu o quarto filme. E agora que temos mais uma adição à franquia você se pergunta: Vale a pena? Você faz uma rápida busca no Google, descobre os nomes de James Manghold na direção, John Williams na trilha e fica curioso. Será que, depois de ver “O Chamado do Destino”, vou sentir vontade de voltar no tempo e assistir aos filmes antigos (talvez até tentar de novo o quarto filme)? Será vou começar a me importar com Indiana Jones? A resposta é… Não.

Quando eu vi o nome de James Manghold na direção me surgiu uma certa esperança. A última vez que ele abordou um personagem de franquia icônico o resultado foi um dos melhores neo-westerns que já vi (Logan). Talvez eu seja ingênuo, mas eu acredito sim que raios podem cair duas vezes no mesmo lugar. Então fui assistir Indiana Jones: O Chamado do Destino esperando que algo semelhante fosse acontecer com o lendário Indiana.

Fui recebido pela orquestra gloriosa de John Williams, que me pegou pelo braço e me arrastou direto para a aventura constante que é Indiana Jones. O filme não perdeu tempo para se colocar em movimento e em menos de 5 minutos tudo está pegando fogo enquanto Indiana nocauteia nazistas repetidamente, tudo à moda espetacular e anamórfica carregada das heranças estilísticas de Spielberg. Isso foi um ótimo sinal; por mais que eu quisesse que Manghold recriasse a magia que foi assistir “Logan”, eu definitivamente não queria que ele o fizesse exatamente da mesma maneira. Ninguém merece uma recontagem sombria de Indiana Jones para maiores de dezoito.

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E o ritmo do filme raramente desacelera. Indiana salta pra lá, Indiana escala pra cá, Indiana nada aqui, Indiana luta ali. E o filme continua, e continua, e continua… E você se pergunta: Por que estou tão entediado?

Você já deve ter adivinhado a resposta. História e personagens. Sequências de ação vão sustentar seu interesse até certo ponto, mas eventualmente você vai perder a sensitividade para as coreografias elaboradas e os efeitos especiais cativantes, por melhores que eles sejam (e eles são bons), e vai passar a procurar motivos para se importar com o que está acontecendo.

A premissa é rápida e claramente estabelecida, introduzindo a personagem de Phoebe Waller-Bridge como um dos elementos chave da história. Phoebe continua carismática como sempre; parece que ela sabe criar química com qualquer um (até mesmo o rabugento notório Harrison Ford). Uma vez que a premissa foi estabelecida e você apertou o cinto para embarcar na nova jornada de Indiana, a esperança é que a trama se desenvolva durante a aventura. Porém, não é o caso.

As perseguições de carro são divertidas, as piadas são (na maioria) boas, não abusam de fan-service. O filme é divertido, mas não é envolvente. As expedições às ruínas arqueológicas e fugas em países exóticos são constantes, porém nunca motivadas (ou pelo menos não de maneira convincente). Por mais que o lado emocional do enredo seja nítido, a catarse não atinge como deveria. No final, o filme inteiro fica parecendo apenas mais um capítulo na história de Indiana Jones. Me surpreendi, inclusive, ao descobrir que essa seria oúltima instalação à franquia (O que deixa tudo ainda pior).

O filme é uma dose de adrenalina pura de duas horas e vinte minutos. Essa dose é efetiva por mais ou menos uma hora e alguns minutos, após isso o efeito se perde. Eu aposto que os fãs de Indiana Jones vão ter uma experiência 3 vezes melhor que a minha. Fiquei até curioso para revisitar os filmes originais e entender se eles seguiam o mesmo princípio de priorizar estilo acima de substância, e entender o que há de apelativo além de todos os momentos icônicos. Será que essa sempre foi a proposta dos filmes de Indiana Jones e eu estou assistindo o filme de forma errada? Mas como eu disse antes, não me importo o suficiente para revê-los e continuo sem um motivo para me importar.

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