Chegou ao fim a série Lúcifer, focada no personagem icônico da Vertigo / DC Comics criado por Neil Gaiman nas histórias em quadrinhos de Sandman. A sexta temporada é o encerramento da jornada do rei do inferno rebelde que resolveu viver com os humanos em Los Angeles. Na temporada anterior o protagonista e seus aliados venceram a Guerra dos Anjos, derrotando seu ganancioso irmão, Miguel. Sendo assim, Lúcifer precisará ascender aos céus para assumir o posto de Deus, lugar que seu pai deixou vago.
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Começamos acompanhando Lúcifer e Chloe praticamente em lua de mel. A detetive se afastou do trabalho para acompanhar o anjo em sua missão de subir aos céus, mas ele ficou enrolando para assumir a tarefa. Sabemos que Lúcifer não é a melhor pessoa quando se trata de compromisso e a ideia de assumir o lugar de Deus o deixa assustado e inseguro. Nas temporadas anteriores já vimos o anjo caído se tornando um pouco menos arrogante, mas para ser Deus, ele precisará aprender a desenvolver a empatia.
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A parte final da série contou com a chegada de personagens novos e algumas participações especiais, como as fabulosas drags Bob the Drag Queen e Katya, participantes do reality RuPaul’s Drag Race.
Um dos personagens novos com mais destaque é o novo detetive, Carol (Scott Porter – Ginny e Georgia), amigo de Dan. Com a chegada de Carol e a indecisão de Lúcifer, Chloe fica entediada e frustrada. Carol também aparece como interesse amoroso de Ella e, se tem alguém que merece um final feliz nessa série é Ella Lopez.
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Sonya (Merrin Dungey – Destruição Final: O Último Refúgio) é outra personagem nova que chega com muita importância para a história. A policial de patrulha traz um lado mais humano, cru e real que Amenadiel ainda não conhece, que será muito importante para o futuro do anjo e também da própria Decker. A outra grande aquisição para a trama é a Rory (Brianna Hildebrand – Deadpool), um novo anjo que surge para confrontar Lúcifer. A personagem é uma surpresa incrível, sendo muito importante para o crescimento de Lúcifer e Decker.
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Um dos pontos positivos de Lúcifer é sua “brincadeira” com a indústria da televisão, com várias piadas de metalinguagem. Já vimos diversas homenagens à TV com episódios musicais, em preto e branco, no estilo de filmes de máfia e por aí vai. A brincadeira da vez foi em forma de desenho animado.
Preciso ressaltar o relacionamento de Lúcifer e Chloe. O começo dos dois personagens foi muito conturbado e cansativo, foi uma enrolação enorme até o primeiro beijo. Mas depois que finalmente aconteceu, os dois realmente ficaram bem juntos. O roteiro conseguiu explorar bem o que eles já viveram no passado, ao mesmo tempo que fortaleceu a relação. Parceiros na terra ou no inferno. Afinal, a detetive Decker nunca foi a donzela indefesa, ela consegue lutar com qualquer um, até mesmo com o próprio Lúcifer.
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A quinta temporada serviu muito bem para encaminhar os destinos dos personagens coadjuvantes. Nesta temporada o destaque foi o laço entre eles, como eles são amigos e juntos conseguem superar qualquer desafio. Há até uma situação que levará ao fim do mundo e eles precisam se juntar para encontrar uma saída, mas na realidade é uma boa lavação de roupa suja, aquele tipo de “DR” obrigatória em qualquer família.
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Essas metáforas entre a vida celestial e a vida real sempre possuíram grande peso para o enredo e não poderiam ficar de fora nessa temporada final. O roteiro consegue equilibrar muito bem as qualidades e os defeitos dos personagens, mostrando suas fraquezas e também suas inseguranças, mas com a ajuda dos amigos eles sempre conseguem superar as dificuldades.
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O encerramento é digno do crescimento dos personagens, respeitando toda a jornada que enfrentaram até aqui, tudo o que eles aprenderam fizeram deles pessoas melhores.
O clima de despedida está presente em toda a temporada, com um tom bem envolvente e emocional. Lúcifer é uma série com uma grande comunidade de fãs pelo mundo todo, se não fossem esses fãs a série não teria tido o ótimo encerramento que recebeu pelas mãos da Netflix.