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Início Cinema Crítica | Mallandro: O Errado que Deu Certo

    Crítica | Mallandro: O Errado que Deu Certo

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    Muito conhecido pelos seus bordões, Sérgio Mallandro é até hoje muito lembrado por muitos que acompanharam seus projetos, especialmente no SBT há algumas décadas. Aqui, ele se encontra com o diretor Marco Antonio de Carvalho, conhecido por trabalhar em produções adolescentes brasileiras como ‘Tudo Por Um Pop Star’ e ‘Cinderela Pop’, ambos como 2° assistente de direção. Agora na cadeira de diretor, ele busca alavancar sua carreira no audiovisual e já começa com uma produção sobre um grande nome da comédia brasileira.

    Buscando um retorno na carreira para pagar inúmeras dívidas, Sérgio Mallandro (interpretado por ele mesmo), vai atrás de retomar o sucesso do passado, mas não será tão simples assim. Junto com seus filhos, o famoso humorista das pegadinhas vai passar por muitas aventuras para fazer o melhor para sua carreira, seus filhos e si mesmo.

    Não é segredo para ninguém que o cinema brasileiro possui um padrão para grandes lançamentos, principalmente se tratando de produções que são distribuídas nos grandes cinemas de rede. Comédias, continuações de sucessos, produções da Globo Filmes ou cinebiografias são os favoritos para esse cenário. Há um grande problema nessa estrutura que é a não evolução da linguagem. O cinema brasileiro, para o espectador que consome apenas filmes em cinemas de grandes redes, sempre será subestimado. Não pelo nosso cinema ser fraco, não ser rico, não ser profundo, mas sim pela estrutura monopolista atual fazer com que os únicos filmes que chegam para o grande público sejam uma cópia um do outro. Ainda há, claro, algumas exceções e produções que conseguem se sobressair, mas são exceções.

    Filmes que até podem gerar interesse do público pela premissa, como o longa sobre os Mamonas Assassinas lançado em dezembro passado. Isto não se concretiza, contudo, na qualidade da obra. Há uma pressa, uma singularidade em manter a linguagem e mudar a história que vicia o olhar do espectador médio brasileiro. Quando nos deparamos com projetos como ‘Mallandro: O Errado que Deu Certo’, nós entendemos bastante sobre o motivo disso acontecer. Se sustentando apenas na figura do protagonista e de participações especiais, o longa de Marco Antonio de Carvalho peca do começo ao fim como mais um longa que busca somente esse espaço como mais um filme brasileiro feito com semelhança aos projetos da Globo Filmes e que vai conseguir um resultado de bilheteria graças ao seu marketing em volta da figura do Sérgio Mallandro e de personagens que não possuem nem cinco minutos de tela, como o caso da Xuxa.

    Créditos: Downtown Filmes/Rio Filme

    No caso deste projeto, o longa não consegue explorar o protagonista e seus feitos. O que foi Sérgio Mallandro no passado? O que ele conquistou? Por que seu legado é muito forte para quem viveu os anos 80 e 90? Isso fica vazio, trocado por tentativas de piada que acabam trazendo mais constrangimento do que risadas. Escolhas estéticas simples como uma transição entre uma cena e outra, a trilha sonora usada em momentos chave e a atuação são pontos esquecidos ou tratados com total desprezo. Deixo claro que, no caso deste último ponto, não por culpa dos atores envolvidos, mas sim pela ineficiência de uma direção com o longa. Um exemplo disso são as atuações dos jovens, que com certeza foram apenas colocados numa fogueira em que o diretor apenas conversou com eles algo como “decora o texto, entra lá e faz o que quiser.”

    Não há muito o que falar sobre ‘Mallandro: O Errado que Deu Certo’ como mais um filme que pode funcionar na lógica mercadológica que o cinema brasileiro se encontra, vai levar uma parcela significativa do espectador brasileiro aos cinemas, mas que não está preocupado com sua linguagem, com sua profundidade e seu legado dentro do cinema, nem mesmo em como vai deixar marcada a história do seu protagonista, que possui um filme inteiro para si e ao mesmo tempo não possui nada. A maior pegadinha que vimos em tela é a pegadinha de assistir mais de noventa minutos de algo tão vazio.

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