O diretor Osgood Perkins fez muito sucesso ao dirigir Longlegs, em 2024. A produção misturou elementos de terror sobrenatural com investigação criminal e foi muito elogiada pela crítica e público. Se no terror, Perkins construiu uma narrativa assustadora e repleta de tensão, o mesmo não pode ser dito sobre a parte policial da história, que careceu de lógica em alguns momentos. Mas nada disso atrapalhou a repercussão da produção e tornou o diretor em um grande nome do gênero na atualidade.
O novo filme do diretor é O Macaco, nele acompanhamos os gêmeos Bill e Hal, que descobrem um antigo macaco de brinquedo no sótão de seu pai. A partir desse momento, uma série de mortes terríveis começa a acontecer. Tentando se livrar do brinquedo e seguir em frente, os irmãos decidem descartá-lo e, com o tempo, distanciam-se desse passado sombrio. No entanto, o terror parece não os abandonar. O filme é baseado em um conto, de mesmo nome, presente na antologia Tripulação de Esqueletos, do autor Stephen King.

Perkins volta a misturar elementos em sua nova desventura. A trama da vez insere elementos de comédia e terror é o resultado é indigesto. O prólogo do filme dá o tom da produção. Na cena de abertura vemos Adam Scott (Ruptura) desesperado tentando se livrar do “brinquedo” insistindo o quão maligno é aquela criatura. A sequência mostra o quão bizarro será o filme e a proposta até começa bem. O problema é o que vem a seguir, que não casa bem com o conto original e nem com a introdução proposta.
Após essa introdução, somos apresentados aos irmãos gêmeos Shelburn que são os fios condutores da trama. A relação entre eles e a mãe são a força motriz da história, que carece de outros personagens interessantes que façam os espectadores se importar com suas vidas e destinos. Como destaque temos: Tatiana Maslany (She-Hulk), que é o coração do filme e sua visão descontraída das tragédias que acontecem servem como norte para a mensagem final do filme, que é cruel e honesta. Quando a atriz deixa o enredo, Theo James (Magnatas do Crime) assume o posto, mas o ator não possui o mesmo carisma e carrega a história com muita dificuldade.
Para piorar o enredo pouco explica como as mortes provocadas pelo brinquedo acontecem. As mortes são aleatórias? Ou atingem apenas pessoas importantes para quem gira a corda do brinquedo? A obra não tem interesse em investigar a origem do objeto maligno e isso não é um problema, mas sem ter com quem se importar e sem saber como o contexto funciona fica fácil não se importar com o que vemos, restando apenas a criatividade na hora de matar os diversos personagens que surgem em tela.
De início, O Macaco bebe muito da fonte de Premonição, onde vemos um inimigo invisível criando situações que vão eliminar um personagem de uma maneira brutal. Mas com o tempo, a direção de Perkins e o roteiro deixam de criar situações criativas (as três primeiras situações são ótimas e mostram como deixar o espectador horrorizado) e apostam suas fichas em explodir corpos e espirrar sangue na tela, o que diminui o impacto e torna tudo banal. Pra completar o humor é péssimo e inserido de modo aleatório, tirando impacto das situações e transformando o show numa piada sem graça que se estende demais.
O Macaco é um baterista de uma nota só e a mistura de horror e comédia não funciona. Que no próximo projeto o diretor Osgood Perkins faça o básico e pare de misturar gêneros. Ele sabe construir tensão e sustos como ninguém, mas quando mistura gêneros as coisas tendem a ficar estranhas. Dessa vez, a mistura ficou estranhíssima e não num bom sentido.