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    Crítica | O Menino Que Matou Meus Pais

    Galeria Distribuidora/ Divulgação
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    O Menino que Matou Meus Pais e A Menina que Matou os Pais são filmes que mostram duas versões de um mesmo crime, contados a partir das narrativas dos lados de Suzane von Richthofen e de Daniel Cravinhos. Ambos foram condenados a mais de 30 anos de cadeia pela morte dos pais de Suzane, Marísia e Manfred von Richthofen. A obra baseada em fatos reais foi produzida a partir de depoimentos e das informações que constam nos autos do processo, e apresenta os pontos de vista diferentes do casal de criminosos. Este texto focará no que foi apresentado no filme O Menino Que Matou Meus Pais, que será lançado no Amazon Prime Video.

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    O Menino Que Matou Meus Pais é totalmente focado na versão de Suzane von Richthofen. A obra é um true crime que em momento algum romantiza o acontecido e nem os culpados. Com uma proposta ousada e que raramente é vista no cinema o filme se apoia numa narrativa não-linear. Como a obra é vista pelos olhos de Suzane, temos alguns buracos na trama, que só são complementados quando você assistir ao outro filme. O roteiro para essa proposta é singelo e foca no desenvolvimento do crime, pois o final e início das obras são iguais. É aqui que reside o grande triunfo do filme, que tem como cereja do bolo a grande atuação de Carla Diaz (O Clone).

    A narrativa da mandante do assassinato é quase um romance destrutivo e repleto de manipulação por parte do executor do crime, Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt). Nela Suzane von Richthofen se apresenta como “moça indefesa” que caiu na lábia de um sedutor que a corrompeu. Para complementar essa narrativa o diretor Mauricio Eça (Carrossel: O Filme) mescla cenas do tribunal com a história, usando uma montagem que não deixa o filme ficar enfadonho ou cansativo.

    O problema dessa narrativa é que, mesmo bem apresentada, a situação não causa quase nenhuma reflexão sobre a real culpa; diferente de como foi feito no recente documentário Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime, da Netflix. Realmente aqueles abusos aconteceram? Se aconteceram, eles realmente poderiam servir como motivação cabível a tal ato? A obra nunca trabalha esses detalhes e apresenta tudo no preto e branco do que foi dito durante os julgamentos. Não que os possíveis abusos sejam uma justificativa para um ato tão vil, mas entender as motivações de um crime sempre é interessante.

    Outro problema é que a obra não mostra o que é verdade e nem o que é mentira de fato. Apenas, como dito, nos apresenta os fatos dos autos. Nas sequências em que a narrativa é interrompida para mostrar o julgamento são os únicos momentos que vemos algum tipo de conflito. Afinal, no roteiro apresentado, Suzane é uma boa moça de caráter quase que inabalável, que se deixou levar pelo amor cego, e somente isso não faz jus ao que vemos no tribunal em momento algum.

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    Mesmo com um baixo valor de investimento a obra tem alguns apuros técnicos de destaque, em especial a fotografia, que com o passar do tempo vai se tornando mais escura, indicando o caminho da protagonista para um mundo mais sombrio. Além disso a cena que acontece na noite do crime é banhada em tons de vermelho, o que indica a tragédia que irá se acontecer.

    Nessa narrativa, Daniel Cravinhos é o vilão, e suas roupas sempre tem tons escuros, como a toalha preta que ele usa em determinada cena. Um fato que poderia atrapalhar o filme nos cinemas é a co-dependência com o seu complemento, A Menina que Matou os Pais; com isso temos algumas cenas que se repetem e criam buracos na trama, que só serão completados ao ver a outra versão da história. Assim o lançamento em streaming é bastante benéfico para o filme, e principalmente, para o espectador.

    O Menino que Matou Meus Pais é um true crime nacional que possui uma atuação SENSACIONAL de Carla Diaz interpretando uma das maiores assassinas do país, e que não deixa nada a desejar quando comparada a outras obras do gênero que vemos nos EUA.

    Ambos os filmes estreiam dia 24 de Setembro no Amazon Prime Video.

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