
Com o mundo em colapso e a Terceira Guerra Mundial se aproximando, um grupo de bilionários se isola no interior do Kimera Underground Park, um bunker de luxo para garantir refúgio e segurança. Enquanto o mundo desaba lá fora, no bunker eles vivem uma realidade paralela: quadras de basquete com iluminação cenográfica, academias de última geração, spas terapêuticos, restaurantes sofisticados e muito mais. Porém, nem toda a estrutura será capaz de aliviar a tensão entre eles, e logo velhos conflitos ressurgem. Tudo isso enquanto assistem ao caos do mundo real pelas telas e vivendo com uma sensação claustrofóbica e sentimento de aprisionamento.
Álex Pina e Esther Martínez Lobato criaram o fenômeno televisivo La Casa de Papel e agora tentam repetir o feito com O Refúgio Atômico, uma produção que explora o misterioso mundo de um grupo de milionários que se veem a beira do fim do mundo. A cena de abertura, dá o tom do show. O primeiro episódio é frenético e prende a atenção do espectador, mas os demais episódios são contidos e deixam a sensação de que a série poderia ter sido mais do que é, o que é uma pena. Na verdade esse é o grande plot e defeito da produção: tudo é baseado em aparências. O desenrolar das dinâmicas é satisfatório. A trama é repleta de clichês e nada muito marcante acontece até o seu final, onde a direção e roteiro resolvem ousar, mas são tantas pontas soltas que fica difícil entender como tudo aconteceu. A tensão existe, mas ela nunca ganha o destaque merecido, ficando sempre em segundo plano. Com isso, o show aposta suas fichas no talento e carisma do seu elenco para prender o público.

O elenco possui uma boa química e cumpre bem seu papel. Augustina Bisio (Bêtes de Foire) é o grande destaque, pois consegue construir a melhor personagem da série, ela é a que possui o arco dramático mais bem desenvolvido e a reviravolta envolvendo ela, surpreende. A violência ocorre de modo comedido, mas agrada. O design do bunker é interessante e impacta, transformando o local em outro personagem, mas este só ganha destaque no seu final. A trilha sonora é incrivelmente boa e acrescenta bastante as cenas, em especial as de ação, que são bem coreografadas e filmadas.
Revelar os mistérios que a produção apresenta, ou tenta apresentar, é estragar a série, mas o último episódio é de longe o melhor e mais marcante dessa leva de episódios, que deve ganhar em breve uma segunda temporada. O Refúgio Atômico deve agradar, mas seria mais sincero chamar a produção de refúgio das aparências ou das ideias não desenvolvidas.


