Particularmente sempre fui fascinado com a história da Inglaterra. Tanto é que considero The Crown da própria Netflix a melhor série original da plataforma – dados seus inúmeros detalhes – mas que mostra apenas a parte de “ouro” da monarquia britânica que quase todos nós achamos que conhecemos.
O Rei, filme estrelado por Timothée Chalamet, ator indicado ao Oscar por “Me Chame Pelo Seu Nome”, é uma adaptação de várias peças de Shakespeare que contam a história do Rei Henrique V da Inglaterra, que herda o reino após a morte de seu pai Rei Henrique IV (Ben Mendelsohn) bem no meio da Guerra dos Cem Anos contra a França, no ano de 1413, governando o país até 31 de Agosto de 1422.
Na primeira cena do filme já temos impressão de que a fotografia e direção de arte serão impecáveis – e são -, tendo em vista a ideia do filme em ser um “épico de guerra”, mas que no decorrer se mostra mais como um drama histórico; talvez por seguir muito a linha de peças teatrais, o que não é no todo negativo sendo útil para o desenrolar da história.
Dirigido pelo excelente David Michôd (War Machine), a história é rica em detalhes e foca em mostrar a breve história e inexperiência de um rei novo que nunca se deu bem com o pai e não tinha ambição alguma ao trono. O filme peca justamente ao “cortar” alguns eventos históricos, talvez até pela necessidade de fazê-lo em não criar um filme muito longo.
Também estão no elenco Joel Edgerton (Bright) como John Falstaff, que tem papel essencial na trama, primeiramente como amigo do então príncipe Hal, e depois como um dos poucos homens de confiança e liderança do Rei Henrique V.
Mas duas atuações me chamaram muito atenção no longa. A primeira de Sean Harris (Missão Impossível: Fallout) que faz o papel de conselheiro do Rei (Henrique IV e V) e tem uma atuação magnífica, desde a forma de falar, já notada em Missão Impossível, até nos trejeitos de caminhar e se portar em determinadas situações. E por último o já conhecido Robert Pattinson – o futuro Batman -, que faz o papel de Delfim – príncipe herdeiro da França -, inimigo da Inglaterra, que tem uma atuação muito boa, passando por partes cômicas e dramas de forma muito sensível, se mostrando o ótimo ator que é, mas que até hoje, infelizmente, é lembrando apenas pelo seu papel em Crepúsculo.
O drama ainda mostra, em vários tons de angústia, tragédia e tristeza, que guerras são sempre a pior forma de mostrar poder, e, mesmo que a vitória seja alcançada, a derrota pessoal é para sempre, fazendo de O Rei um excelente filme baseado na obra de Shakespeare com fidelidade aos fatos históricos, nos dando encanto em conhecer mais sobre a herança da Inglaterra.
O Rei já está em cartaz na Netflix.