Suspense é definido no dicionário como: “composição de um filme, telenovela, narrativa, peça etc., que usa o artifício de retardar ou parar momentaneamente a ação num momento crucial, a fim de criar no espectador, ouvinte ou leitor uma expectativa ansiosa e angustiante dos acontecimentos que virão a seguir.” Todos os elementos citados fazem parte de bons filmes do gênero, mas não é visto, nem de longe, no novo filme da Netflix, O Silêncio do Pântano, que é estrelado por Pedro Alonso (o Berlin, de La Casa de Papel).
Ao pesquisar casos de corrupção para seu novo livro, um escritor cruza a fronteira entre ficção e realidade. De início essa sinopse até empolga, nos dando a ideia que o filme que irá brincar com nossa mente, nos fazendo duvidar do que vemos. MAS NÃO! O Silêncio do Pântano até começa bem, mas se perde em suas boas intenções / ideias.
A primeira cena do longa retrata isso, temos vemos uma encenação, mas não há nessa cena e nem em nenhum outro momento uma montagem, plano, construção que nos faça identificar o que é real e irreal. O leitor pode dizer: “mas é essa a graça de assistir, você quer tudo de mão beijada”. Mas vejamos exemplos como Coringa e Clube da Luta, dois longas que brincam com nossa mente. Eles conseguem nos trazer um contraponto entre a realidade vs fantasia, mesmo que ela seja revelada na forma de plot twist no fim da trama. Aqui no longa espanhol o roteiro escrito pela dupla de estreantes Carlos de Pando e Sara Antuña, não consegue em momento algum discernir a sua investida, o longa mergulha tanto na fantasia que se perde. Não existe nada que separe as tramas e subtramas e automaticamente isso faz a trama perder sentido e força.
A direção do estreante Marc Vigil tem pontos altos e baixos (mais baixos do que altos). O início do filme, sua ambientação e construção do protagonista são interessantes e bem construídas, mas com o passar do tempo nem os bons planos para filmar algumas cenas salvam o diretor. Os personagens criados não são interessantes e os bons planos do início se repetem. A trama não tem ritmo, tudo e muito parado e quando acelera, vem um balde de água fria. Nem Rubens Barrichello é tão devagar. As cenas de violência são graficamente interessantes, mesmo sendo um pouco irreais (afinal de contas entre uma arma de fogo e um pé de cabra, qual você escolheria?). As atuações não são ruins mas também não empolgam. Pedro Alonso é totalmente desperdiçado em cena. Nenhum personagem é carismático, desenvolvido ou interessante. Pior do que isso só a trilha sonora que deve ter sido colocada às presas, pois não combina em nada com o que vemos.
O Silêncio do Pântano entra mudo e sai calado no brejo das boas ideias e não diz a que veio, sem ritmo e perdido na própria fantasia. Uma das poucas razões para ver esse longa é a presença de Pedro Alonso, e olhe lá.