sex, 3 maio 2024

Crítica | Sobrenatural: A Porta Vermelha

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      Filmes de terror com foco em dinâmicas familiares não são novidade alguma. Dentro da própria filmografia do ator e agora diretor Patrick Wilson a construção de narrativas de horror a partir do núcleo familiar servem muito para criar essa conexão emocional tão necessária para que, quando postos em perigo, nos preocupemos com os personagens em tela. Tudo isso também é verdade para Sobrenatural: A Porta Vermelha, onde as cicatrizes deixadas por acontecimentos passados na franquia voltam a se abrir a partir das sequelas que surgiram na relação de um pai com seu filho.

      10 anos após os acontecimentos da segunda entrada na franquia, última vez em que vimos a família Lambert, muita coisa mudou. Dalton agora está entrando na faculdade e sua relação com seu pai não anda muito bem. Fica claro que o vazio na memória de ambos afetou a forma com que levaram o resto de suas vidas até agora. O filme vai partir do afastamento desses personagens e do trauma não resolvido para retornar ao mundo de demônios e espíritos que causou este mesmo trauma.

      Estreante na direção, Patrick Wilson tenta carregar a herança de James Wan na sua forma de apresentar as cenas de tensão deste filme, alternando entre momentos de paciência e de intrusão ao lidar com as criaturas que assombram os protagonistas. O retorno gradativo para o plano sobrenatural vem muito no tom de enfrentamento para esses abusos passados que foram suprimidos e isso funciona bem enquanto discurso durante boa parte do longa mas que não alcança seu potencial ainda por uma simplicidade tanto do desenvolvimento da história quanto da forma em que os momentos de tensão são filmados. Já falando quanto à atuação, Wilson entrega bem o papel de pai atormentado apesar de não se exigir tanto dele nesse sentido. 

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      Muitas franquias buscam um retorno para seus personagens a partir de elementos que surgem como forçados, mas não é o caso para o estabelecimento deste filme. O longa inclusive parece ser o primeiro que encontra espaço para focar nesta família e em seus dilemas para além do que o imediatismo de uma possessão demoníaca pode gerar. Ao partir do questionamento de soluções que muitas vezes só parecem ter sentido dentro de longas do gênero, A Porta Vermelha encontra um sentimentalismo acertado como ponto de partida mas que acaba se diluindo em suas resoluções. Ao lidar com o trauma compartilhado, o filme busca pela conexão dos familiares, mas os elementos dramáticos que encontra para solucionar esse trauma podem soar um tanto batidos e pouco genuínos. A conclusão do filme busca conciliar tudo de forma muito organizada deixando pouco espaço para a tensão que vinha se formando.

Sobrenatural: A Porta Vermelha é então uma entrada agradável para a franquia, que tenta encontrar uma voz para a família Lambert, ao mesmo tempo em que tenta retomar elementos mais consagrados de outros longas. É um filme que provavelmente vai agradar quem já é fã da série mas que também consegue encontrar seu lugar enquanto experiência única apesar de seus altos e baixos.

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Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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