sáb, 12 abril 2025

Entrevista | Virna Jandiroba fala sobre sua carreira no UFC, sua próxima luta, sua vida e seus hobbies nerds

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Convidado pelo UFC, eu tive o prazer de entrevistar a lutadora Virna Jandiroba, um dos grandes nomes brasileiros dentro da organização. Ele irá lutar amanhã (12), contra a chinesa Yan Xionan no UFC 314 e se vencer terá a chance de disputar o cinturão do Peso Palha feminino.

Confira a entrevista:

Marcel Botelho: Eu tenho o prazer de conversar com a Virna Jandiroba, uma das grandes lutadoras do Brasil no UFC. Virna, primeiramente, uma honra para mim e para todo o pessoal do Estação Nerd falarmos com você. Obrigado pela oportunidade da entrevista.

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Virna Jandiroba: Obrigado. Ah, eu que agradeço. Muito obrigada a você e a toda a galera. Obrigada por me dar essa oportunidade também, abrir espaço para estar aqui falando com vocês. 

Marcel Botelho: Virna, primeiro, antes de falar da sua luta no sábado (12), eu gostaria de saber como você começou nas artes marciais, quantos anos você tinha? 

Virna Jandiroba: Então, meu primeiro contato de prática com a arte marcial foi no Kung Fu, na minha cidade, em Serrinha. Eu tinha uns 13 anos, meus primos descobriram o Kung Fu lá, começaram a treinar, e aí chamaram e eu fui treinar com eles também, fiquei alguns meses. E aí, o machismo, mas naquela época, acabava que só tinha eu e minha irmã que treinava de menina lá, né, e aí meus primos saíram, e aí meu pai achou melhor a gente também sair, fiquei uns oito meses, mais ou menos. E aí, eu sempre gostei muito de esporte, eu jogava futsal e tudo mais. Foi quando eu decidi fazer aula experimental de Judô, e enfim, fiquei alguns meses também, treinei uns oito meses Judô, e foi lá que meu professor de Jiu-Jitsu me encontrou e falou, vamos fazer uma aula de Jiu-Jitsu, vê se você gosta e tudo mais. E aí, eu fui fazer a aula de Jiu-Jitsu, e aí, foi amor à primeira vista. Dois meses depois, eu estava competindo no Jiu-Jitsu já, enfim, e formei faixa preta de Jiu-Jitsu. Depois de formar faixa preta de Jiu-Jitsu, que eu migrei para o MMA, né, fiz a minha primeira luta de MMA e tudo mais. E aí, decidi, vou lutar MMA. Foi em 2013, né, o ano que Ronda estava estreando no UFC. E aí, daí em diante, fui construindo a minha carreira dentro do MMA.

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Marcel Botelho: Virna, você citou um aspecto interessante, você falou do machismo dentro das artes marciais. O UFC hoje tem diversas categorias para as mulheres, mas na sua visão, para as meninas que estão começando, que estão ainda querendo aprender, que sonham em ser lutadoras, como que está isso? Tanto a questão do machismo, questão de assédio também, como que você enxerga isso dentro das artes marciais e em um contexto geral? 

Virna Jandiroba: Enfim, o cenário está muito melhor do que era, né, e eu espero que melhore ainda mais, obviamente. Mas a luta, né, o cenário da luta em si, ela é um recorte social, né, é um recorte de uma sociedade, né, e que é uma sociedade ainda machista, muito machista, enfim. Eu vejo com otimismo, porque eu acho que a gente já caminhou bastante, né, como você falou, já existem muitas categorias ali dentro do UFC, né, quando eu comecei, quando eu migrei para o MMA, embora já tivessem mulheres pioneiras que tinham lutado no Brasil, mas foi quando a Ronda estava estreando ali, então era uma semente dentro do UFC, ainda, e agora, enfim, nós temos muitas mulheres contratadas e tudo mais, então eu sou otimista, mas eu acho que a gente tem muito o que caminhar ainda, eu acho que outras mulheres que vieram antes de mim, me possibilitaram, inclusive, estar aqui hoje, e aí eu acho que agora é a nossa vez de trabalhar para isso, né, para que tenhamos tempos melhores para as mulheres que estão vindo, para as meninas que estão vindo. 

Marcel Botelho: Eu já vi você falar em outras entrevistas, sobre como a luta ajudou você com a ansiedade, eu gostaria que você falasse um pouco para os nossos leitores da importância de personalidades, esportistas como você falarem sobre ansiedade, sobre saúde mental de uma forma geral, porque, infelizmente, ainda existe tabu, infelizmente, ainda existe um preconceito, e é um tema muito importante, as pessoas precisam se cuidar.

Virna Jandiroba: Ah, sim, com certeza, é isso, de fato, ainda é um tema que é bastante tabu, eu acho que, sobretudo, no meio da luta hoje, as pessoas já estão entendendo a importância do aspecto mental, né, obviamente, porque nós somos seres, né, completos, enfim, os aspectos mentais, os aspectos físicos e tudo mais, eles estão interligados, não tem como separar, né, e quando, na verdade, eu fui para o jiu-jitsu, ali, quando eu estava entre o judô e o jiu-jitsu, foi um momento que eu perdi, eu e minha família, nós perdemos a minha prima e irmã, que era a minha irmã adotiva e tudo mais, e, então, ali foi um momento em que eu tive muitas crises de ansiedade, ataque de pânico e etc, depois eu fui descobrir que eu já era uma criança ansiosa, né, mas foi naquele momento que a minha ansiedade teve, né, um pico e tudo mais, e quando eu ia treinar o jiu-jitsu, ali, como eu ficava muito autocentrada, e a hipocondria, que achando que eu estava doente, sentindo o coração acelerado, quando eu ia treinar jiu-jitsu, eu só estava ali, eu não estava autocentrada, né, pensando em mim, só estava treinando. Então, foi isso que me ajudou a me manter ali no jiu-jitsu também, para além, depois veio a paixão e tudo mais, e veio, né, todos os meus sonhos, né, que eu criei ali dentro, mas isso foi o que me levou até ali também, me manteve, né, no primeiro instante, e continuou me mantendo, porque depois eu tive outras crises de ansiedade, e quando eu estava lutando, isso era algo que, enfim, encontrava o meu, um conforto ali dentro, né, muito embora, eu ainda lido com ansiedade, a luta foi o que me salvou e, ao mesmo tempo, é o que também, muitas vezes, né,  a pressão é o que desencadeia a ansiedade em mim também, mas é através da luta que eu tenho também esse enfrentamento do autoconhecimento e tudo mais, né, da superação da própria ansiedade, do próprio medo. Enfim, faço terapia, como tenho dito, já tinha experimentado antes, né, de estar, inclusive, no UFC, mas quando eu entrei no UFC eu sabia que eu ia precisar disso, era algo que eu sabia que eu precisaria melhorar tanto tecnicamente e profissionalmente como eu precisaria trabalhar em mim mesma, né, os aspectos mentais. Então, desde então que eu tenho feito terapia e, enfim, tenho lidado melhor com a minha ansiedade, com os meus monstros, né, todos temos nossos monstros, né, a diferença é que alguns encaram, enfim, e aceitam isso muitas vezes e outros não, mas os sintomas estão aí, os sintomas virão de qualquer maneira, pra muitos, né, nós estamos na era da ansiedade, da depressão, é um sintoma social também, então acho importante falar sobre isso de uma forma aberta e honesta também, né.

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Marcel Botelho: Virna, amanhã (12), você tem muito possivelmente a luta da sua vida contra a chinesa Yan Xionan, vencendo, você muito provavelmente terá a chance de brigar pelo cinturão, você já treinou com ela, então como é para você conhecer sua adversária e ela te conhecer também? 

Virna Jandiroba: É, para o bem e para o mal, né, existe o aspecto bom de você conhecer o adversário e existe o aspecto que, enfim, talvez não seja tão bom. Nós treinamos, fizemos alguns treinos, não tantos, mas já treinamos, então eu sei que a equipe dela também me conhece e eu acho isso positivo, entende? Tipo assim, eu acho que isso é bom, que isso é positivo para mim, que eles me conheçam, eu também conheço eles, então acho que isso também é muito positivo e eu gosto da familiaridade, isso é algo que eu gosto, que me deixa mais confortável, entende? Porque dentro dessas ansiedades e tudo mais, os nossos medos, que não tem forma, são amórficos, quando é algo mais familiar, pô, já vi, já tive contato e tudo mais, é algo que para mim se torna um pouco mais… sai do campo do imaginário, enfim, e vem para o campo do sensorial mesmo, então isso para mim é melhor, entende? Tipo, ok, eu sei com o que eu estou lidando e tudo mais. Então é isso, eu acho que me dá mais conforto dentro de todo esse jogo mental e etc. 

Marcel Botelho: Virna, para encerrar, você sabe que nós somos um site nerd, então eu não poderia deixar de te perguntar, quando você não está treinando, você gosta de assistir um filme, uma série, quem sabe até jogar videogame, algo do tipo? 

Virna Jandiroba: Ah, eu gosto, eu na verdade gosto de assistir, gosto de ler também e gosto de jogar, eu gosto de jogar Dama, eu aprendi a jogar Xadrês, também gosto, eu gosto pra caramba.

Marcel Botelho: Passe para os nossos leitores, as suas redes sociais para o pessoal te seguir.

Virna Jandiroba:  Me segue lá, galera, segue lá no Instagram, tá? Virna Jandiroba, segue no X também, tá bom? Dá aquele alô, a gente bate aquele papo lá, sempre estou conversando com a galera, estou em contato com a galera, e torçam por mim, muito obrigada pelo carinho, viu? Obrigada demais, enfim e no sábado eu espero sair com o meu braço erguido.

Assista o UFC 314 neste sábado (12), no UFC Fight Pass, clicando aqui.

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Marcel Botelho
Marcel Botelhohttp://estacaonerd.com
Sou radialista, apresentador de televisão, colunista, redator e escritor, sou apaixonado pela área de comunicação e principalmente por games, desde a minha infância. Como editor e redator da área de games do Estação Nerd, espero levar até vocês muita informação e entretenimento com muita qualidade e alegria.