Em entrevista durante um painel no Santa Barbara International Film Festival, festival de cinema que acontece na Califórnia, o ator Mark Ruffalo revelou que seu personagem na Marvel, Hulk, nunca terá um filme solo. Confira:
“Kevin [Feige] me perguntou sobre o que eu gostaria de ver em um filme solo do Hulk. Respondi que gostaria de vê-lo se transformar de um maníaco raivoso em um personagem com camadas. Ele, então, falou: ‘Certo, vamos fazer isso ao longo de quatro filmes. Nunca lhe daremos um filme solo do Hulk. Não quero te desanimar, mas isso simplesmente não vai acontecer. Então faremos isso em quatro filmes, o que você acha?’. E foi isso até onde eu sei. Poderia até falar mais sobre, mas me disseram que é melhor não falar.”
O personagem deve ter destaque em Capitão América 4, intitulado de Captain America: Brave New World. A produção deve ser lançada nos cinemas em 2025.
As primeiras reações da imprensa internacional sobre Madame Teia foram reveladas. Confira:
“[Até] Morbius é melhor que isso.” (Matt Ramos)
“O filme está bom. Não há muito para dizer. Dakota Johnson é uma ‘bruxa’ esquisita. O tom meio slasher e super-heróis se destacam. […] Não é um desastre. Mas é quase isso.” (James Preston).
“Esta é mais uma adição decepcionante no Universo Sony. Dakota Johnson se destaca, mas infelizmente, não posso dizer o mesmo do restante do elenco. Não é tão ruim quanto eu esperava, mas infelizmente fica aquém do que poderia ter sido um filme decente.” (Cowabuga).
“Este é um filme desajeitado, mal escrito, confuso e desleixado, repleto de edições e performances medíocres. Mesmo tendo uma fotografia sólida e um conceito interessante, essa bagunça não pôde ser salva devido à sua péssima execução.” (The Hollywood Handle)
Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan, tem habilidades de clarividência. Forçada a confrontar revelações sobre seu passado, ela forja uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos.
Madame Teia estreia nos cinemas em 15 de Fevereiro.
A Netflix revelou o trailer oficial de Donzela, filme estrelado por Millie Bobby Brown. Confira:
Na trama, uma donzela concorda em se casar com um belo príncipe, apenas para descobrir que a família real a recrutou como um sacrifício para pagar uma dívida antiga. Jogada em uma caverna com um dragão de fogo, ela deve confiar em sua inteligência e força de vontade para sobreviver.
Completam o elenco: Robin Wright, Ray Winstone, Nick Robinson, Brooke Carter e Shohreh Aghdashloo. A direção é de Juan Carlos Fresnadillo (Extermínio 2).
O título deste texto pode dar a impressão de que estou prestes a apresentar uma resposta definitiva sobre a capacidade da arte de transformar vidas. No entanto, a verdade é que não posso oferecer uma resposta conclusiva a essa indagação. O título, na realidade, foi concebido com astúcia para atrair a atenção, pois, no cerne da questão, a arte teve um impacto significativo na minha própria vida. Este relato, possivelmente, ressoará de maneira semelhante à sua experiência, e, assim, por meio de um ato de identificação, podemos, ao final, refletir: será que a arte possui o poder de efetuar mudanças nas vidas das pessoas? A experiência pessoal com a arte muitas vezes transcende a nossa própria ideia de mundo. Em meu caso, o cinema, que não apenas coloriu meu mundo, mas também agiu como um catalisador para transformações profundas. Ao mergulhar nas obras cinematográficas, encontrei uma fonte inesgotável de inspiração e uma maneira de entender e expressar emoções que antes permaneciam latentes. O cinema tornou-se veículo para explorar as complexidades da existência humana e para transcender as limitações do meu cotidiano.
Ao considerarmos o poder transformador do cinema (e da arte), é vital reconhecer que as influências podem variar grandemente entre indivíduos. O que ecoa profundamente em uma pessoa pode ter um impacto menos significativo em outra. No entanto, é na diversidade de experiências e interpretações que encontramos a verdadeira magia da arte. Ela oferece um terreno fértil para a conexão humana, proporcionando um espaço onde diferentes perspectivas podem convergir e se entrelaçar. A capacidade da arte de moldar nossas percepções e despertar emoções intensas pode ser percebida de diversas formas. Seja por meio da contemplação dos planos no cinema, da imersão em uma composição musical ou da absorção de narrativas literárias, a arte oferece um convite para a reflexão, introspecção e de nos colocar no lugar do outro. Nesse processo, somos desafiados a questionar, a compreender e, acima de tudo, a sentir. É verdade que a arte tem técnica, mas ela não é isolada, é por meio do uso dessa técnica que somos capazes de sentir. Ou você acha que aqueles planos longos de Jeanne Dielman (Chantal Akerman, 1975), ou a intensidade sonora de Verano (Antonio Vivaldi, 1723), não são meios de nos fazer experimentar? O curioso de tudo isso é que a magnitude dessa transformação é inerentemente subjetiva e objetiva, dependendo das experiências únicas de cada indivíduo e da própria técnica. No entanto, ao compartilharmos nossas histórias e ao nos conectarmos através da arte, construímos uma rede intrincada de experiências que ressoam coletivamente. Assim, ao final, a arte incentiva o próprio ser humano a construir a empatia, explorando o poder e a influência duradoura da arte em nossas vidas.
Refletir sobre este tema traz à tona minhas próprias experiências, e, se permitirem, gostaria de compartilhar um pouco sobre mim. Desde sempre, fui um rapaz extremamente sentimental. Meus pais costumavam brincar, dizendo que eu chorava tanto que não teria lágrimas suficientes até atingir a idade adulta. Ser uma pessoa emotiva é uma parte própria da minha personalidade, mas, de alguma forma, o mundo parecia não estar totalmente preparado para lidar com indivíduos assim, especialmente homens. Expressar emoções, seja chorar, rir alto ou dançar eram comportamentos que muitas pessoas desaprovavam em mim; elas não aceitavam que eu fosse simplesmente eu mesmo. Fui rotulado com vários termos que tentavam diminuir minha própria masculinidade. Para me ajustar às expectativas, acabei sendo compelido a me fechar, silenciando minha verdadeira essência e aprendendo a reprimir quem eu era. Passei anos da adolescência sofrendo em silêncio, tentando conformar-me a padrões que, no fundo, não me representavam.
Esse processo de repressão, no entanto, teve suas consequências. À medida que me fechava para o mundo, também me distanciava de quem eu realmente era. Aprendi a esconder minhas emoções e a mascarar meu verdadeiro eu por trás de uma fachada de conformidade. Foi uma jornada difícil, marcada por conflitos internos e pela busca incessante por aceitação. A arte, nesse contexto, desempenhou um papel crucial em minha jornada de autorreconhecimento. Foi através de histórias, sobretudo “coming of age” do cinema, que entendi que a verdadeira força reside em abraçar quem somos, independentemente das expectativas externas. Descobri que a vulnerabilidade e a autenticidade são virtudes poderosas, capazes de criar conexões genuínas. Eu me conectei com personagens que de alguma forma passaram por aquilo que passei. Explorar a arte me proporcionou uma maneira de canalizar minhas emoções reprimidas. Cinema, música e literatura tornaram-se não apenas escapes, mas também meios de reafirmar minha identidade. Ao romper as barreiras da autoimposição, descobri uma liberdade interior que transformou minha perspectiva sobre masculinidade, vida e autenticidade.
Além disso, a arte, em especial o cinema, me proporcionou algo que continua a transformar minha vida até hoje: a capacidade de ouvir, experimentar e sentir a vida do outro. Diante daquela projeção, concedia-me não apenas a liberdade de expressar minha particularidade, mas também a oportunidade de ouvir vozes que, semelhantemente à minha, clamavam por reconhecimento. Dessa forma acabei me entregando àquela tela de imagens em movimento. Foi assim que percebi como o cinema permite àquele que observa por trás da tela se aproximar do protagonista diante dela. Essa legítima aproximação oferece a experiência de sentir a dor ou a alegria que não é minha, representando a verdadeira prática da empatia. Costumo ponderar sobre a empatia como um exercício consciente. Somos muitas vezes condicionados a olhar para nós mesmos, estabelecendo nossas próprias experiências como um padrão para que os outros as sigam, seja em termos de religião, orientação sexual, entre outros. Por ironia, incorremos em uma espécie de paradoxo ao conformarmos a sociedade a determinados padrões, ao passo que a própria sociedade nos molda conforme os seus. Nesse contexto, o cinema se revela como um formidável educador no desenvolvimento da empatia, permitindo que, por meio de histórias narradas, possamos compreender as vivências alheias que de alguma forma fogem dessa padronização social.
Essa capacidade do cinema de criar uma ponte emocional entre o espectador e as narrativas apresentadas não apenas amplia nossa compreensão do mundo, mas também nos desafia a questionar e a ultrapassar nossas próprias perspectivas. À medida que olhamos personagens diversos e nos envolvemos em suas jornadas, somos levados a enxergar a humanidade para além das fronteiras das nossas experiências pessoais. Assim, o cinema (e a arte como um todo), ao proporcionar uma janela para a vida do outro, promove um diálogo interno e social sobre a diversidade humana. Ele se torna um veículo de aprendizado sobre a complexidade das emoções, as nuances das relações e as variadas formas de existência. Ao absorver essas narrativas, somos desafiados a cultivar empatia e a abraçar a riqueza de ser humano que estão além do nosso próprio horizonte.
Recentemente, experimentei de maneira impactante a profundidade da empatia ao assistir dois notáveis filmes: Crescendo Juntas (Kelly Fremon, 2023) e Incompatível com a Vida (Eliza Capai, 2023). Ambos apresentam narrativas que, pessoalmente, jamais vivenciarei. Em Crescendo Juntas, somos conduzidos pela jornada de amadurecimento de uma garota de 11 anos, explorando seu corpo, desejos e inseguranças. Já em Incompatível com a Vida, o documentário retrata a dolorosa trajetória de mães que enfrentam a perda de seus filhos antes mesmo do nascimento. Ao me deparar com realidades tão distintas da minha, compartilhei lágrimas, risos e a sincera esperança de que essas e todas as jovens e mães do mundo nunca enfrentem seus desafios sozinhas. Foi somente ao ouvir esses relatos que verdadeiramente pude compreender a complexidade dessas vivencias. Assim, por meio de lentes sensíveis, enquadramentos cuidadosos e um voyeurismo respeitoso, sinto-me imerso na vida do outro. A sinceridade capturada pelas lentes dos cineastas e os estímulos visuais frontais do cinema tornam palpável a experiência de sentir a arte no corpo, na pele e na alma. Nesse contexto, a arte revela-se como um poderoso meio de proporcionar empatia, permitindo que espectadores como eu mergulhem em realidades que, de outra forma, poderiam parecer distantes. É através dessas narrativas que as emoções humanas ganham vida, tornando-se tangíveis e, por vezes, compartilháveis. O cinema assim, ultrapassa a tela e se torna um veículo pelo qual nos conectamos emocionalmente com a vida dos outros, promovendo uma compreensão mais profunda e significativa do que significa ser humano.
Enquanto redigia este texto, rememorei diversas situações em que o cinema se revelou como um mestre na arte de ensinar. Um episódio que permanece vivamente em minha memória é o dia em que assisti a Uma Mulher Fantástica (Sebastián Lelio,2017), um filme chileno que narra a trajetória de uma mulher transsexual. Naquele momento, experimentei uma intensidade emocional como nunca antes. A tela revelou a brutalidade enfrentada por essa mulher extraordinária, sendo sujeitada a sucateamento, violência física e desconsideração simplesmente por ser quem é. Essa história não apenas me devastou, mas, acima de tudo, me ensinou a compreender e respeitar mulheres como ela e tantas outras que enfrentam desafios similares. É lindo perceber o poder do cinema, como uma única imagem projetada em uma sala escura pode exercer uma influência tão profunda. Podemos sentir como as narrativas cinematográficas têm o potencial de transcender a tela, impactando nossas percepções e moldando nossas atitudes em relação aos outros. Agora, imagine se essa capacidade de promover empatia fosse incorporada e difundida no contexto educacional, nas escolas.
A integração do cinema como uma ferramenta educativa poderia desencadear um impacto transformador na sociedade. Ao expor estudantes a diversas realidades, experiências e perspectivas por meio de histórias, estaríamos construindo as bases para uma compreensão mais profunda e inclusiva do mundo que nos cerca. O cinema, dessa forma, tornar-se-ia uma ponte para a empatia, promovendo diálogos e reflexões que excedem fronteiras culturais e sociais. A educação cinematográfica nas escolas não apenas enriqueceria o repertório cultural dos estudantes, mas também incentivaria a empatia como uma habilidade essencial. A capacidade de se colocar no lugar do outro, compreender diferentes perspectivas e respeitar a diversidade seriam valores cultivados desde cedo. Assim, a experiência do cinema não se limitaria a uma sala escura, mas se estenderia para moldar uma sociedade mais compreensiva e tolerante. Afinal, o cinema transformou significativamente a minha existência, por que não teria o potencial de influenciar igualmente a vida de tantos outros?
“Edgar-Jones interpreta Kate Cooper, uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade. Agora, ela estuda padrões de tempestades em telas com segurança na cidade de Nova York, mas acaba sendo atraída de volta às planícies abertas por seu amigo, Javi (Ramos), para testar um novo sistema de rastreamento inovador. Lá, Kate cruza o caminho de Tyler Owens (Powell), o charmoso e imprudente superstar da mídia social que prospera postando suas aventuras de caça a tempestades com sua equipe. Quanto mais perigoso, melhor. À medida que a temporada de tempestades se intensifica, fenômenos aterrorizantes nunca vistos antes são desencadeados, e Kate, Tyler e suas equipes concorrentes se encontram diretamente no caminho de múltiplos sistemas de tempestades convergindo sobre o centro de Oklahoma na luta de suas vidas.”
Twisters terá direção de Lee Isaac Chung e estreia nos cinemas em 19 de julho.
Segundo informações do site Fangoria, os atores Kit Harington e Sophie Turner, que trabalharam juntos em Game of Thrones, vão se reunir para estrelar The Dreadful, terror gótico dirigido por Natasha Kermani. A produção teve sua sinopse oficial revelada. Confira:
“Ambientado na Guerra das Rosas, o filme acompanha Anne (Turner) e sua madrasta, Morwen, que vivem uma rústica e solitária vida nos arredores da sociedade. Quando um homem (Harington) do passado delas retorna, uma série de eventos dão início à uma virada na vida de Anne.”
The Dreadful estreia no Festival de Berlim, que acontece na Alemanha entre os dias 15 e 25 de fevereiro.
O conceito de “banalidade do mal” criado por Hannah Arendt para simplificar os hábitos nazistas envolvidos com tantos massacres, essa ideia de um mal constante ao invés do mal demoníaco estipulava que estavam apenas cumprindo ordens e fazendo o que acreditavam ser o correto. E Zona de Interesse funciona justamente como a representação perfeita desse conceito, uma verdadeira aula de experiência sensorial. O longa é ambientado durante a Segunda Guerra Mundial. A produção acompanha a vida de uma família nazista que vive nas proximidades do campo de concentração de Auschwitz durante o Holocausto.
O novo filme de Jonathan Glazer coloca de lado praticamente tudo que já vimos sobre o holocausto. Ele trabalha de uma maneira única essa divisão do filme, por um lado temos um família normal tendo uma “vida perfeita”, com as crianças felizes, jardins lindos e uma paz naquele meio. Pela outra vertente temos outro filme, a experiência passada através dos sons(gritos e tiros ) e dos pequenos detalhes daquele ambiente. É um verdadeiro filme terror, uma vez que você sabe todos os acontecimentos daquele período e o diretor te impactará justamente por essa balança de apatia de seus personagens.
A família é retratada de uma maneira bastante comum, a vida para eles era perfeita. O filme faz questão de usar o exemplo da mulher e crianças para verbalizar o quão felizes e satisfeitos estavam com seu cotidiano e local. Eles viviam literalmente do lado do campo de concentração de Auschwitz, o longa trabalha de maneira genial os constantes gritos , tiros e fumaças saindo do campo. Tudo isso para lembrar e impactar o telespectador de todo o horror que aconteceu naquele lugar, e ao contraponto uma vida praticamente perfeita de uma família do alto escalão nazista.
E um dos grandes acertos de Zona de Interesse é justamente retratar essa família da maneira mais comum possível. O marido após um dia de trabalho conta como foi seu dia para sua esposa, falando sobre implementações da câmera de gás com capacidade para maiores extermínios e administração elogiada de suas tarefas, tudo isso da maneira mais banal e comum para aquele ambiente vivido. É um horror que choca justamente pela apatia, o filme não precisa “apelar” para os já conhecidos choques da imagem, o terror explícito. Ele incômoda justamente pela banalidade das ações e indiferença dos personagens com o que está acontecendo ao seu lado.
A trilha sonora funciona de uma maneira extremamente impactante durante os trechos específicos da obra, é um música que corrói a alma. Ela se alguma maneira se mescla com todo o horror sentido ao ouvirmos os gritos das vítimas. Ela consegue potencializar o sentimento de filme de terror ao presenciarmos Zona de Interesse, de maneira que a música transita entre uma sensação eterna, um sentimento de céu e inferno, é realmente enigmático.
O longa funciona do maior impacto possível justamente pelo tema e como o está tratando, uma vez que a ideia é comprada por seu público, a experiência pode se acabar inesquecível e completamente angustiante. Por mais que as atuações sejam minimalistas, casando com a própria ideia do filme, ela impactam por se utilizar desses personagens para criar uma das maiores representações de apatia do cinema. E Zona de Interesse é esse retrato inédito do holocausto, mas acima de tudo, impactante e angustiante de um dos piores momentos da humanidade. O poderosíssimo final funciona como uma espécie de quebra da quarta parede, se tornando um lembrete de um evento que nunca mais pode acontecer e um lembrete da crueldade humana.
Existem inúmeros filmes e diretores que têm o hábito de subestimar o espectador, explicando suas tramas de maneira excessiva e não permitindo que quem assista tenha a oportunidade de experimentar e refletir sobre o filme por si próprio. Diante desse cenário, nos deparamos com obras que se elucidam constantemente, quase fornecendo um “final explicado” para si mesmas (pessoalmente, desgosto de qualquer coisa que me explique um filme). Christopher Nolan, por exemplo, é um mestre nesse aspecto; ele tende a abordar seus filmes como se fossem os mais complexos do mundo, dando a entender que seu espectador jamais os compreenderá, o que, de certa forma, prejudica a construção de suas obras. No entanto, tudo no universo cinematográfico é uma técnica; seja o CGI exagerado, um jumpscare ou uma narração em off, tudo depende de como é integrado à própria narrativa do filme. Dessa maneira, a autoexplicação pode ser eficaz se contextualmente for bem inserida, e não apenas como uma tentativa de se colocar acima do espectador, como parece ser o caso de Nolan. Nesse contexto, o novo filme da Netflix, Orion e o Escuro, lida muito bem com essa abordagem “explicativa”. Na verdade, o objetivo aqui é alcançar o máximo de crianças\adultos e fazer com que compreendam a “mensagem” do filme, quase como um cinema educativo ao qual nós, brasileiros, nos acostumamos a apreciar na TV Cultura.
Orion e o Escuro narra a história de um menino medroso que teme a escuridão mais do que tudo, Orion se assusta facilmente com qualquer coisa, desde lugares altos até insetos, valentões da escola e muitos outros elementos. No entanto, nada o apavora mais do que a escuridão, levando-o a fazer de tudo para amenizá-la na hora de dormir. Em uma noite de apagão, a própria Escuridão fica tão surpresa com o tamanho do medo do garoto que decide visitá-lo e mostrar que não há motivos para temê-la. Junto com outras entidades da noite (sono, insônia, sonho, silencio e barulhos estranhos), a Escuridão leva Orion em uma jornada pela noite para que ele enfrente seus medos.
Orion e o Escuro é um filme baseado no homônimo livro infantil e é interessante notar como a estrutura do filme se assemelha a uma história que costumamos ler para crianças antes de dormir. Ele traz aventura, diversão, mas, acima de tudo, uma moralidade que se insere no subconsciente daquele pequenino espectador. O filme de Sean Charmatz parece preocupar-se com a saúde mental de nossas crianças, abordando os medos de forma habilidosa, ao mesmo tempo que respeita esse sentimento — afinal, sentir medo é tão natural quanto qualquer outra emoção e deve ser experimentado —, porém sem permitir que ele domine por completo. É amplamente reconhecido como essa fase da infância é crucial, pois a criança começa a compreender o mundo ao seu redor, e tudo o que é novo pode gerar inseguranças e medos. Portanto, é admirável observar como Orion e o Escuro respeita essa fase e os sentimentos que a permeiam, o que, ironicamente, ressoa conosco, adultos, provocando reflexões sobre nossa própria criança interior, nossos medos e inseguranças. Quantos de nós não nos identificamos com Orion; um menino que claramente sofre de ansiedade e está constantemente preocupado, onde tudo ao seu redor parece assumir o pior cenário possível?
O filme escrito por Charlie Kaufman (Brilho eterno de uma mente sem lembranças) exemplifica a teoria do cinema como espelho, fundamentada nos ideais do psicanalista Jacques Lacan. Segundo esta teoria, o cinema atua como um reflexo dos conflitos, ansiedades e desejos mais profundos do espectador. Os filmes proporcionam um ambiente seguro para explorar questões emocionais e psicológicas que podem ser difíceis de enfrentar na vida real. Ao se identificarem com personagens, situações e temas apresentados na tela, os espectadores podem projetar suas próprias experiências e emoções, levando a insights e compreensões pessoais. Um dos conceitos fundamentais da teoria psicanalítica do cinema como espelho é a noção de identificação. Os espectadores podem se identificar com personagens que representam aspectos de si mesmos, tanto positivos quanto negativos. Esta identificação pode desencadear respostas emocionais intensas e proporcionar uma sensação de conexão e compreensão.
Diante disso, eu, quem vos escreve, particularmente me identifico muito com o papel de Orion; tudo ao meu redor parecia ser o pior, eu temia tudo. Minha mente pregava peças o tempo todo, e ver como Orion e o Escuro ensina a respeitar meus sentimentos, sem, contudo, permitir que eles se tornem maiores do que merecem, me fortalece. Isso me faz refletir que aquele Caique nunca esteve sozinho, me faz olhar para mim mesmo de forma diferente, me incentiva a enfrentar meus medos e a reconhecer meu próprio valor. Esta foi a experiência de um homem de 23 anos. Imagine o impacto que isso pode causar em uma criança.
Orion e o Escuro destaca-se por abordar questões fundamentais relacionadas à superação e à inteligência emocional. Através das interações de Orion com o próprio Escuro e outras entidades da noite, somos conduzidos a explorar as complexidades das emoções humanas e como elas influenciam nossas vidas. Aprender a reconhecer e gerenciar nossas emoções é uma habilidade crucial para o bem-estar emocional e o sucesso na vida, e o filme oferece uma valiosa lição nesse sentido. A jornada de Orion nos recorda da importância de enfrentarmos nossos medos e inseguranças para alcançarmos nosso estado de liberdade. Ao invés de evitar o desconhecido, o filme nos encoraja a abraçá-lo e a encontrar força na adversidade. Atribuindo-se ao cinema educativo, o novo filme da Netflix, de forma lúdica, nos incentiva a sentir, a nos respeitar, mas, acima de tudo, a viver sem as amarras de nossas inseguranças.
Orion e o Escuro chegou no catálogo da Netflix no sexta-feira dia 2
Em Godzilla e Kong: O Novo Império, os dois kaijus enfrentam uma ameaça colossal escondida dentro do nosso mundo, que pode não só comprometer sua sobrevivência, como também a de toda a humanidade. O filme promete explorar as origens dos Titãs e os mistérios da Ilha da Caveira.
Godzilla e Kong: O Novo Império estreia nos cinemas em 29 de março
Um talentoso graduado estadunidense em Oxford, usando suas habilidades únicas, audácia e propensão à violência, cria um império de drogas usando as propriedades dos aristocratas ingleses empobrecidos. No entanto, quando ele tenta vender seu negócio a um colega bilionário, uma cadeia de eventos se desenrola, envolvendo chantagem, decepção, caos e assassinato entre bandidos de rua, oligarcas russos, mafiosos e jornalistas.
A série é produzida por Guy Ritchie e estreia na Netflix em março de 2024.