Após escapar da prisão, o ex-soldado e ladrão profissional Jeffrey Manchester encontra um esconderijo dentro de uma loja de brinquedos, sobrevivendo por meses sem ser detectado enquanto planeja seu próximo passo. No entanto, quando Jeffrey se apaixona por uma mãe divorciada, sua vida dupla começa a desmoronar, desencadeando um jogo de gato e rato emocionante e cheio de suspense à medida que seu passado se aproxima.
Derek Cianfrance (O Lugar Onde Tudo Termina) dirige O Bom Bandido desejando se afastar de qualquer exame emocional das relações humanas que sempre foram o foco de seus trabalhos anteriores. O diretor aqui deseja apresentar, com um estilo quase que documental, como um homem condenado por seus crimes foi “inocentado” por suas vítimas e tido como um bom homem. A narrativa baseada em história real, incialmente mostra o protagonista na cena de um dos seus crimes, apresentando o seu modus operandi e depois nós apresenta as razões por trás de suas “más decisões”, nós levando a entender como e por quais motivos ele foi condenado a 45 anos de prisão. A partir daí começa uma desventura que não tem a mínima intenção de limpar a barra do personagem, mas de mostrar que pessoas ruins também podem fazer o bem e que ser humano é algo mais complexo do que parece.

O roteiro escrito pelo diretor em colaboração com Kirt Gunn (Sound of Metal) usa e abusa do carisma do seu protagonista, vivido por Channing Tatum (Pisque Duas Vezes) para contar uma absurda história real, repleta de bom humor que é apresenta as mais loucas situações vividas pelo protagonista que arranca diversas gargalhadas do público. A química entre Tatum e Kirsten Dunst (Guerra Civil) é outro ponto alto deste filme, que consegue equilibrar bem as situações e a relação entre os personagens, transformando a personagem de Dunst em um porto seguro para a tempestade que é a vida do personagem vivido por Tatum. A cena na igreja que antecede o terceiro ato é de cortar o coração, pois mostra que mesmo buscando redenção velhos hábitos não podem ser ignorados.
Juno Temple (Ted Lasso), Lakeith Stanfield (Atlanta), Ben Mendelsohn (Outsider), Peter Dinklage (Game Of Thrones) completam o elenco com pequenas participações que engrandecem a história. Por mais que o filme seja bom, ele possui algumas inconsistências em especial na analise sobre o consumismo desenfreado. A redenção baseada na reflexão do autor dos crimes sobre tempo de qualidade e prover itens a família soa falsa, pode realmente ter acontecido na vida real, mas o modo como ela é apresentada soa vazia, devido ao roteiro não querer analisar esses elementos (que são críveis), mas por serem jogados para concluir a jornada do personagem soam falsas.
Tudo relacionado a década de 90 é reproduzido com perfeição e a loja de brinquedos onde o personagem se esconde, se torna mais um personagem dessa história louca. A fotografia é outro destaque usando bem imagens feitas por circuitos de segurança e a trilha sonora engrandece as cenas.
O Bom Bandido é um dos filmes mais cativantes de 2025, ele emociona, diverte e nos faz refletir. Além disso, o filme conta Channing Tatum e Kirsten Dunst inspiradíssimos. Assistam o quanto antes.