Em 2021 foram lançados, simultaneamente no Prime Video, os true crimes O Menino que Matou meus Pais e A Menina que Matou os Pais. Dois filmes que mostram versões diferentes de um mesmo crime: a morte de Marísia e Manfred von Richthofen, que foram mortos por sua filha (Suzane) e seu namorado (Daniel Cravinhos). Os filmes anteriores foram baseados nos depoimentos e em informações que constam nos autos do processo – e apresentaram os pontos de vista do casal de criminosos. Chega ao streaming, nesta sexta-feira (27) A Menina que Matou os Pais: A Confissão filme que apresenta os bastidores da investigação, os momentos cruciais sobre o assassinato e como Suzane, Daniel e Cristian Cravinhos – o irmão de Daniel – se portaram nos dias que sucederam o crime.
A Confissão começa com os dois pés na porta, e já nos seus créditos iniciais revela como aconteceu o crime que chocou o Brasil. A decisão mostra que a direção de Mauricio Eça (Vai Ter Troco) não tem medo de tomar certas decisões narrativas, por mais brutais que elas sejam. Essa coragem é compartilhada pelos roteiristas Ilana Casoy (autora do livro Casos de Família – Arquivos Richthofen, no qual o filme e baseado) e Raphael Montes (Bom Dia, Verônica) que constroem uma narrativa repleta de verdades inconvenientes sobre os autores do crime. Após apresentar o crime, a produção aposta suas fichas em mostrar como se desenrolou a investigação do crime, os erros cometidos pelos autores e como isso levou eles para a cadeia. O desenvolvimento da investigação nos dois primeiros atos é satisfatório e mostra como o trio foi frio, calculista e cínico em suas ações e depoimentos para a polícia, e com seus parentes e amigos.
Diversos elementos vistos e explorados em O Menino que Matou meus Pais e A Menina que Matou os Pais são citados na trama e, acertadamente, são deixados de lado para que o roteiro explore novos assuntos e temas, como por exemplo: como Cristian Cravinhos participou do crime e a relação do casal com seus familiares e amigos após o crime, tudo isso é feito com o intuito de não tornar a história repetitiva e dar dinamicidade a história. Porém, temas como a relação da mídia sobre o caso e outros, acabaram ficando de lado sendo citados ou explorados de modo simplório e sem muita profundidade, o que é uma pena, mas que não estraga o filme.
O último ato do filme, é onde reside seu ponto mais fraco. Afim de por “os pingos nos is” a trama acelera e a investigação acaba apresentando algumas deduções que não soam verossímeis para o que foi apresentado. 40 minutos a mais de filme seriam o suficiente para apresentar e cimentar as ideias que levaram a resolução do caso e acredito que os fãs não iriam reclamar de mais tempo de filme para desenvolver o desfecho da narrativa.
O elenco inspirado e talentoso composto por Kauan Ceglio, Arthur Kohl, Che Moais, Adriano Bolshi, Débora Duboc, Daniel Alvim e Gabi Lopes faz jus a direção e roteiro de A Menina que Matou os Pais: A Confissão é da um show de atuação. Os destaques acabam sendo Carla Diaz (O Clone) que novamente rouba as cenas, construindo uma versão muito sombria e intensa de Suzane. As cenas na quais a garota se mostra indiferente com a morte dos pais em diversos momentos, são apenas a ponta do iceberg do ser sem empatia e escrúpulos que von Richthofen foi. Sua química com Leonardo Bittencourt (Segunda Chamada) segue sendo ótima e o ator brilha em seu papel. Por fim, Augusto Madeira (Bingo: O Rei das Manhãs) Bárbara Colen (Bacurau) e Allan Souza Lima (Cangaço Novo) chamam a responsabilidade e entregam atuações envolventes quando tem espaço na história.
A Menina que Matou os Pais: A Confissão é o encerramento satisfatório de um true crime nacional que não deixa a desejar em nada quando comparado com produções americanas do gênero. Com mais uma atuação ÉPICA de Carla Diaz e com um elenco inspirado, o filme chega no Prime Video para fazer a alegria dos fãs do gênero.