Ficção científica é um gênero cinematográfico relacionado geralmente a especulações, de como será o futuro, a ciência e a tecnologia e seus impactos e/ou consequências em uma determinada sociedade. Mas é se essa proposta fosse focada em apenas um indivíduo? Usando todos os conceitos citados em prol de realizar uma análise sobre o ser humano, através de diversas metáforas, te pondo pra refletir sobre a vida e o seu propósito? Bom amigos, essa é a proposta original de Ad Astra – Rumo às Estrelas, longa estrelado por Brad Pitt (Era Uma Vez Em… Hollywood) e que pode empolgar alguns com sua proposta diferenciada ou decepcionar pelos vacilos. Vamos entender o porque disso:
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A sinopse de Ad Astra já deixa bem claro as intenções do longa: Um homem viaja pelo interior de um sistema solar sem lei para encontrar seu pai desaparecido – um cientista renegado que representa uma ameaça à humanidade. A ameaça a terra e seus habitantes pouco importa nesta história, o foco aqui é a relação entre pai (Tommy Lee Jones) e filho (Brad Pitt), então se você está indo ver esse longa pelos seus efeitos especiais (que são bons) e/ou pela aventura no cosmo. Pode tirar seu cavalinho da lua (entenderam a referência?), o foco aqui é a relação paternal e o espaço é apenas um plano de fundo para essa reflexiva história.
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A direção de James Gray é pra lá de interessante e utiliza muito bem as cores para mostrar o estado emocional de seu protagonista, variando entre uma fotografia azulada a um avermelhada de modo orgânico, um trabalho digno de indicação ao Oscar. Além disso Gray constrói gradativamente a personalidade de seu herói, utilizando flash backs para preencher algumas lacunas, fazendo assim com que nos importemos e torçamos por ele. Além disso, o longa possui belíssimas tomadas do espaço e cenas em close que conseguem ampliar as emoções do personagem de Pitt. Sim, o longa também possui cenas de ação/aventura/suspense bem orquestradas.
O roteiro escrito pelo próprio Gray em parceria com Ethan Gross (Clepto) mostra o futuro do planeta de modo crítico (a cena da viagem e chegada na lua é um exemplo), fazendo um contraponto interessante da relação do homem com o próprio planeta. Além de aprofundar a relação entre pai e filme. Porém nem tudo são flores nesta obra.
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Lembram que eu falei que as cenas de ação são bem ORQUESTRADAS? Bom, elas não empolgam, não te fazem ficar na ponta da cadeira e olhe que o personagem de Pitt quase bate o recorde de perrengues no espaço que Sandra Bullock estabeleceu no excelente Gravidade. O ritmo do longa é gradativo, leia lento, é isso tira a ideia de urgência que o filme tenta evocar. O filme comete alguns erros científicos que na vida real ou matariam o protagonista ou toda a raça humana. Os roteiristas tomam liberdades cinematográficas que foram um pouquinho longe demais.
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As atuações são ótimas, mas o filme é de Brad Pitt. O ator revela trejeitos e evolui com seu personagem a cada cena durante o filme; de um ser contido no início e deveras controlado ele aflora e se liberta com o passar do tempo. Uma atuação digna de indicação a ator principal no Oscar. A sua cena com Tommy Lee Jones (MIB) é o ápice desse longa e te fará refletir bastante sobre as relações humanas.
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Repleto de metáforas, Ad Astra – Rumo às Estrelas é um bom filme de ficção científica que possui como destaques a bela atuação de Pitt e a direção de Gray. Porém, o longa tropeça em alguns momentos e não consegue alinhar todos os seus elementos com maestria. Só pela reflexão que Ad Astra vai te dar ao fim da sessão, esse filme já vale a pena ser visto no cinema.