dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Jogos Mortais X

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Jogos Mortais é uma das maiores franquias do cinema de terror da atualidade. O que começou como uma fábula sobre o valor da vida que usava uma violência altamente estilizada como pano de fundo, evoluiu e se tornou com o tempo apenas um conjunto de filmes focados exclusivamente em armadilhas inventivas e mortais, o que fez a produção perder muito de sua essência.

Chega aos cinemas Jogos Mortais X, a trama que acontece entre o primeiro e segundo filme mostra John Kramer – doente e desesperado – indo para o México em busca de um procedimento experimental e uma cura milagrosa para seu câncer – apenas para descobrir que toda a operação é na verdade um golpe para fraudar os mais vulneráveis. Armado com um novo propósito, o infame serial killer retorna ao seu trabalho e vira o jogo com seu jeito visceral característico e usa de armadilhas tortuosas, dementes e engenhosas.

Shawnee Smith as Amanda Young in Saw X. Photo Credit: Ivan Meza

A premissa do novo filme aposta suas fichas em fazer um estudo da persona do vilão Jigsaw, enquanto dilacera as “vítimas” do novo jogo. O roteiro da dupla Josh Stolberg e Peter Goldfinger (responsáveis pelo enredo dos dois últimos filmes da franquia) é mais simples, objetivo e direto. O que deve agradar a quem conhece a franquia e cansou das reviravoltas mirabolantes dos últimos filmes.

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O estudo sobre as motivações de John Kramer e da sua relação com sua ajudante funciona. O ritmo da produção é mais contido em relação aos filmes anteriores, o que ajuda o espectador familiarizado com a franquia a relembrar quem é o vilão, e, quem não conhece, a entender o que move a sede de justiça dele. Ao fazer esse aprofundamento a produção tenta humanizar o serial killer, que tem como alvo criminosos. Mas de modo esperto, a produção intercala esses momentos com os jogos, que servem para lembrar que o vilão não está fazendo algo glamouroso ou exemplar.

Mas calma, a produção não esquece da força motriz que move os filmes da franquia. As armadilhas tem espaço para brilhar e são brutais! O arsenal de arapucas apresentadas são bem criativas e pra lá de violentas. Destaque para a armadilha do aspirador e a que usa uma serra gigli. O diretor Kevin Greutert (Jessabelle) consegue construir uma história envolvente e usa bem a iluminação para criar uma atmosfera angustiante. Além disso, as armadilhas são bem filmadas por Greutert, que dá tempo para que o espectador entenda o jogo e “aprecie” o desenvolvimento do mesmo sem muitas firulas.

Referências aos filmes anteriores, não faltam. E aqui que mora o grande problema. A produção se passa entre os dois primeiros filmes da franquia, algo que com o tempo fica confuso na linha temporal da franquia, justamente pelas referências feitas. Questões de como Kramer consegue tanto recursos, então pouco tempo, seguem um mistério. Mas honestamente, nada disso deve atrapalhar a experiência do espectador.

Paulette Hernandez as Valentina in Saw X. Photo Credit: Alexandro Bolaños Escamilla

Outro ponto positivo é o elenco da produção. Tobin Bell (Os Bons Companheiros) usa sua experiência e elegância para construir um Kramer debilitado, porém muito sagaz e letal. Shawnee Smith (Becker) retorna ao papel como se nunca tivesse deixado de viver a personagem. A sua instabilidade emocional é um elemento interessante na história e serve para justificar as suas atitudes em Jogos Mortais III. Synnove Macody Lund (Ragnarok) é a melhor “vítima” que Jigsaw já fez em toda franquia e funciona bem como antagonista da história.

Jogos Mortais X é uma grata surpresa para a franquia e para o terror em 2023! Um filme que faz jus ao legado de Jigsaw. Que venham mais produções com esse perfil. Os fãs saudosos da franquia, e do terror, agradecem.

PS. O filme tem uma cena pós-crédito.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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