dom, 28 abril 2024

Crítica | Napoleão

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Napoleão é o novo filme do diretor Ridley Scott (Perdido em Marte), que conta com Joaquin Phoenix (Coringa) como o personagem-título. A trama conta a história de ascensão de Bonaparte ao poder na França, enquanto narra suas vitórias políticas e militares, ao mesmo tempo que revela um pouco do seu relacionamento com sua esposa Josephine.

A cena de abertura, já mostra que a produção não está para brincadeira e mostra um pouco da crise que levou a decapitação da rainha Maria Antonieta, acontecimento que acabou, indiretamente, ajudando na ascensão do jovem militar Bonaparte. A crise que aconteceu no final do século XVIII, é apresentada de modo coeso e bastante realista na trama. A revolta do povo, que clamava por um regime de liberdade política e igualdade de direitos, acaba não sendo muito explorada e serve apenas como pano de fundo e alicerce para a história que é contada pelo roteiro de David Scarpa (Gladiador). O texto de Scarpa tem muito para explorar e faz isso de modo correto. Em especial quando se dedica em analisar o lado estrategista do cine biografado e as batalhas que ele travou. Dessas, o destaque fica para a última batalha, que é filmada por Ridley Scott de modo ÉPICO, sendo muito bem coreografada e retratada. A violência nesses momentos são apresentados de modo brutal e sem filtros.

Quando o foco deixa de ser o lado militar, o roteiro aborda a vida íntima do general. Essa face mais sensível poderia, e deveria, ser abordada de modo leve, já que Bonaparte é representando como uma pessoa que não tinha um traquejo social dos mais elevados na hora de interagir o sexo oposto, o que poderia ser engraçado é apenas constrangedor, raros são os momentos de doçura. Para completar Napoleão é representado como um conquistador tóxico e possessivo, que deseja controlar todos os aspectos da vida de sua amada, que por sua vez também é retratada como uma pessoa sem muitas virtudes. O relacionamento passivo-agressivo do casal, perde um pouco a força devido a alguns furos na trama. Furos esses, que são propositais e devem ser explorados na versão do diretor que será lançada na Apple TV+. O problema é que no cinemas isso, deve gerar confusão e atrapalhar o entendimento de algumas evoluções vistas, em relação a história e principalmente na interação entre os personagens.

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Um detalhe curioso é que a versão de Napoleão retratada no cinema, está mais para uma idealização do que Ridley Scott pensa sobre ele, do que para a real figura histórica, o que não é errado, mas acaba atrapalhando pois alguns fatos apresentados são inverossímeis e as ações vistas na história são rasas. De onde vem sua sede de poder? Qual motivo do povo francês idolatrar tanto Bonaparte? As situações citadas, e muitas outras, aconteceram, mas nunca são justificadas pela direção, o que atrapalha no entendimento de quem a figura histórica realmente foi.

No quesito técnico a produção tem altos, muito altos, e baixos que incomodam. A montagem é excelente na ação, mas os158 minutos de duração às vezes demoram a passar, devido ao seu ritmo cadenciado. O design de produção merece uma indicação ao Oscar 2024, os ambientes retratados são grandiosos, imponentes e levam o espectador numa viagem no tempo. Junto a esses acertos, merecem destaque os figurinos, cabelos e maquiagens feitas nessa produção. Além disso, os efeitos especiais são usados de modo pontual, mas que são de um realismo chocante. Porém, a fotografia destoa e se torna o calo da produção. O uso de um filtro cinza deixa diversas cenas escuras, tão escuras que a bandeira da França parece ser preta, branca e vermelha em diversos momentos da história.

No quesito atuação, os grandes nomes são: Phoenix que consegue criar um Napoleão arrogante e vulnerável, mas falha em criar momentos suaves ou engraçados com as manias de seu personagem e Vanessa Kirby (Pieces of a Woman) que está apaixonante na construção de Josephine e consegue mostrar diferentes facetas da Imperatriz e merece ser indicada ao Oscar como melhor atriz.

Napoleão é um retrato incompleto de uma das maiores personalidades da história da humanidade. Talvez, a versão de quatro horas do diretor que será exibida na Apple TV+ revele mais sobre o homem que mudou a história da França. No mais, a produção serve de aquecimento para o que Ridley Scott está preparando em Gladiador 2.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
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