sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | O Beco do Pesadelo

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Quando o carismático, mas sem sorte, Stanton Carlisle se torna querido para a vidente Zeena e o seu marido mentalista Pete numa feira itinerante, ele ganha um bilhete dourado para o sucesso, usando o conhecimento adquirido com eles para ludibriar a elite rica da sociedade de Nova Iorque dos anos 1940. Com a virtuosa Molly lealmente ao seu lado, Stanton planeia enganar um magnata perigoso com a ajuda de uma psiquiatra misteriosa que pode vir a ser sua melhor adversária. Essa é a sinopse de O Beco do Pesadelo, novo filme de Guillermo Del Toro (A Forma da Água).

Del Toro é um mestre em dirigir e produzir filme/séries que misturam fantasia com terror. Basta olhar sua carreira para ver o apreço do diretor pelo tema. Seu novo filme é o remake de uma produção lançada, originalmente, em 1947. O filme é um suspense psicológico, que agora nas mãos de Del Toro assume um tom mais místico e dramático. A produção é esteticamente perfeita! Os locais da época, cenários e figurinos vistos são perfeitos e o design de produção deve (e merece) uma indicação ao Oscar. Tudo relacionado a década de 40 é reproduzido com perfeição. A fotografia é outro destaque, a filmagem de Del Toro captura bem a atmosfera noir e cria belas situações de tensão com o uso de leves tons esverdeados e avermelhados, além do uso de alguns planos sequência que engrandecem as cenas que precisam enfatizar urgência. O filme aqui, tem como foco principal explorar a persona do protagonista levando ele ao limite, ao fazer isso a narrativa ajuda o espectador a entender as motivações e as atitudes do personagem em determinados pontos da trama.

O roteiro escrito por Del Toro, em parceria com Kim Morgan (Seances), cria uma fábula sobre as consequências das atitudes nocivas que são tomadas em prol da ascensão e a queda de quem opta por esses caminhos errados para chegar onde deseja. Algo que pode decepcionar os espectadores é que a maior parte das situações apresentadas no primeiro e segundo ato da produção, levam a história mais para um lado dramático, o que não é ruim, mas pode decepcionar quem espera uma produção repleta de horror ou suspense. A cena na qual vemos o protagonista indo atrás de um homem que fugiu de seu cativeiro é uma perfeita retratação desse drama. Na cena temos um homem que chegou ao fundo do poço sendo cruelmente explorado e outro que deseja apenas recomeçar sua vida, o cenário mostra que o caminho para chegar até aquelas condições é apenas um: se entregar a uma vida errada.

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Mas não é apenas de drama que o filme vive, as cenas de tensão e violência ganham destaque no terceiro ato da produção e são pontuais. A inserção desses momentos acontece sem atropelos e de modo muito fluído. O problema é que a trama se arrasta demais, um pouco mais de agilidade em algumas situações melhoraria a atmosfera de tensão, como isso não acontece toda tensão criada se dissipa com o tempo. O que atrapalha um pouco a experiência. Os golpes apresentados na história são simples e o entendimento de como funciona as “adivinhações” é feito sem soar didático demais.

O elenco é super estrelado e as participações do elenco composto por: Mark Povinelli (Espelho, Espelho Meu), Richard Jenkins (A Forma da Água), Ron Perlman (Não Olhe para Cima), Willem Dafoe (O Farol), Toni Collette (Hereditário) e Rooney Mara (Carol) servem como escada para atuação de Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela), o ator consegue criar um personagem desprezível em suas atitudes e que encanta com sua astúcia. Cate Blanchett (Não Olhe para Cima) é uma femme fatale que não tem suas motivações aprofundadas, mas funciona bem como contraponto ao personagem de Cooper.

O Beco do Pesadelo é um bom filme de Guillermo Del Toro e deve agradar aos fãs do diretor e quem busca ver um filme de suspense que mostra as consequência da ganância humana. Assista o quanto antes.

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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