qui, 28 março 2024

Crítica | The Idol

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A nova série da HBOMAX estreou recentemente em Cannes sob uma chuva polêmicas, parte da crítica do festival definiu o projeto como promíscuo, problemático e sexista, por sexualizar sua protagonista e romantizar abusos sexuais. Do outro lado, o marketing prometia uma história disruptiva e sensual concebida pela “mente perturbada de Sam Levinson”, que já acumulava algumas controvérsias por Euphoria. Toda campanha de promoção foi gerada em cima da comoção negativa, inclusive na sinopse oficial lia-se “dos esgotos de Hollywood”.

No entanto, ao assistir o primeiro episódio, o único sentimento que fica é o de decepção, não só pela falta de qualidade abismal – destoando completamente do padrão mantido pela HBO ao longo dos anos -, mas também por não entregar nada daquilo que foi prometido. A série confunde soft porn com subversão e acredita que basta algumas (muitas) cenas de nudez para causar choque no espectador.

O diretor até tenta retratar a protagonista da forma mais sexualizada possível, mas falta tato para perceber que tirar a roupa e mostrar um seio não é sinônimo de sensualidade. Por mais sexual que sejam determinadas cenas, não há qualquer apelo, deixando a série com cara de pornografia barata.

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Em aproximadamente uma hora, o episódio não empolga minimamente, na primeira metade a narrativa não avança de jeito nenhum e quando finalmente parece que vai avançar, volta a empacar. Os personagens são quase todos sem carisma nenhum, desde os figurantes até os principais, não só são arquétipos vazios, como ainda são interpretados da maneira mais sem graça possível, a maioria está sob a impressão que para ser sensual basta acender um cigarro e fazer carão. A exceção fica por conta de Rachel Sennott, a atriz esbanja desenvoltura e extrai leite de pedra, dando lampejos de personalidades em cenas que, do contrário, seriam puro marasmo.

E já que os atores não conseguem atuar, os personagens não cativam e a direção carece de inspiração para filmar, o suposto “choque” precisou ficar a cargo do roteiro que apela para os diálogos mais baixos imagináveis, incluindo uma passagem em que uma mulher admite se sentir atraída por homens com cara de estuprador.   

A intenção parece ser causar rebuliço a qualquer custo, e se alguém ousar criticar negativamente é porque não está evoluído para lidar com a quebra de paradigma proposta, ou pelo menos é nisso que os realizadores acreditam.

Provocar espanto, nojo, revolta e sentimentos negativos em geral, é parte de toda arte subversiva que o saiba fazer, a exemplo de “120 dias de Sodoma” ou “Pink Flammingos”. Mas isso não se confunde apenas com cenas de nudez, pelo contrário, o simples fato da série achar que mostrar fluidos corporais é algo tão revolucionário e sensacionalista já é prova do quanto suas visões são caretas.     

Tampouco é possível defender que o projeto buscava fazer uma crítica a indústria hollywoodiana, até porque cai no mau gosto de perpetuar os comportamentos que promete criticar. A mulher é vista apenas como um constante objeto a ser brutalizado reiteradamente, a personalidade dela se resume em ser alcoólatra e sexualmente ativa, atraindo, assim, potenciais abusadores. Além disso, os takes hipersexualizados servem mais para satisfazer fetiches machistas, do que oferecer qualquer tipo de crítica.  

Ao final, a impressão que fica é a de estar assistindo uma criança birrenta tentando chamar atenção da mãe durante uma hora e quando não consegue profere frases ofensivas. O propósito é causar estarrecimento, mas depois de um curto tempo só causa sono e tédio.

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Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
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