A primeira temporada de The Twilight Zone no Amazon Prime explorou a estranheza do mundo moderno através de uma fórmula criativa de 10 episódios, mas num geral a série foi apenas regular. Mesmo com boas ideias as execuções delas foram medianas, em sua maioria. Em 2020, o segundo ano da série estreia, muito mais ousada e coesa com a sua proposta de chocar o espectador, mesmo com alguns episódios previsíveis a série de Jordan Peele deve agradar mais que a primeira.
A 1ª temporada de The Twilight Zone, sofreu com alguns problemas de narrativa e teve muito episódios bem irregulares, alguns por causa da sua curta duração que não conseguiu desenvolver a trama e outros por causa da consistência do episódio mesmo, uma ideia não tão original que foi desenvolvida de modo trivial. A 2ª temporada, repete esses mesmos erros. Mas cresce em ousadia e entrega muito mais episódios bons e alguns arrepiantes. Os três primeiro episódios são fantásticos: O primeiro é “Meet in the Middle“, onde o talentoso Jimmi Simpson (Westworld) interpreta um homem incapaz de se conectar com as mulheres. Mas quando ele começa a ouvir a voz de uma mulher desconhecida chamada Annie (Gillian Jacobs), ele se pergunta se ele realmente encontrou sua companheira ideal. Um episódio que lembra bastante a proposta do filme Ela, de Spike Jonze. O segundo episódio intitulado “Downtime” é estrelado por Morena Baccarin (Deadpool) e pode ser resumido como maravilhoso! O meu favorito foi “The Who of You“, estrelado por Ethan Embry (Grace and Frankie), que mostra um ator esforçado, que ao tentar roubar um banco, percebe que pode trocar de corpo com outras pessoas, apenas olhando elas nos olhos. A premissa é altamente convincente e bem desenvolvida. As ideias vistas e executadas nesses três episódios são tão boas que farão inveja aos criadores de Black Mirror.
Porém do 4º episódio em diante, a série volta a ficar irregular, com episódios ousados mas tão curtos que a trama não se desenvolve de modo orgânico e quando se desenvolve não agrada. O mais fraco de todos é o episódio 6, intitulado “8” que vou tentar resumir: ele trata de “um polvo psicopata?” (isso mesmo que você leu). Porém, o título de episódio mais enfadonho da temporada vai para “A Small Town” que perde diversas chances de atingir um potencial maior do que alcança. The Twilight Zone não precisa apresentar uma mensagem motivacional ou uma lição de moral a cada episódio, mas precisa ter coerência, mesmo sendo uma antologia. Os dois últimos voltam a elevar o nível da série e devem agradar, em especial “You Might Also Like” que é uma sequência de um episódio de 1983 da série original.
A 2º temporada de The Twilight Zone tem uma melhora perceptível em relação à primeira temporada e aposta em mesclar ideias novas com reboots de episódios consagrados, provando que esse sistema deve imperar na próxima temporada. A série, no geral, é satisfatoriamente perturbadora.