ter, 7 maio 2024

Crítica | Oldboy

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Park Chan-wook fez seu nome como cineasta a partir de uma filmografia sólida construída nas últimas décadas e se formos destacar um filme que auxiliou na expansão do alcance de seu trabalho seria impossível não citar Oldboy (2003). O filme que, agora em seu aniversário de 20 anos, volta às salas de cinema, continua hoje sendo um ponto de referência para o ocidente da capacidade do cinema sul-coreano de produzir potentes obras audiovisuais. Sendo parte de uma trilogia temática do diretor acompanhado por Mr. Vingança (2002) e Lady Vingança (2005), Oldboy conseguiu ser uma obra que furou a bolha do cinema asiático e se tornou influente para uma série de tantos outras produções no ocidente que se alinhavam com o seu tom violento carregado de um certo cinismo sobre a vida nesse momento de virada do século.

O filme acompanha Oh Daesu, um homem que é sequestrado repentinamente e vê sua vida desmoronar após ficar 15 anos trancafiado em um quarto sem saber os motivos por trás de seu rapto. No momento em que se vê livre do cárcere, Daesu parte em busca de respostas com um desejo insaciável de vingança. É uma premissa que em si é simples mas que consegue em pouco tempo se tornar carregada de muita força. O filme não se interessa tanto pelo período de confinamento de Daesu para além de estabelecer as mudanças que esse período causou tanto na mente do protagonista quanto no mundo ao seu redor. É um filme que lida bem com os elementos fundamentais pra fazer a história andar, podendo até parecer um pouco corrido em suas resoluções.

É difícil abordar de forma incisiva as questões do filme sem entrar no campo de spoilers mas é importante ressaltar que Oldboy é um filme que toca em uma série de assuntos polêmicos, tabus sociais, sendo reflexo também de seu contexto e época (dos quais é impossível descolar uma obra), que acabam partindo para questões alinhadas ao controle de narrativas e os limites do ressentimento. São assuntos que valem um debate mais aprofundado, em questão de utilização desses elementos na narrativa, que talvez não caibam nessa resenha. Dito isto é um filme impactante.

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Um bom mistério é reforçado pelo estímulo de entregar mais ou menos informações no tempo certo para o público e isso o filme faz bem. A pontencial frustração de certas revelações auxilia no impacto de outras e a confiabilidade do protagonista aqui está sempre posta em dúvida. Oh Daesu é representado menos como um justiceiro amável e mais como alguém visivelmente afetado pelos anos de reclusão que vê na sua jornada pela verdade talvez sua única forma de superar o dano aparentemente irreversível causado em sua vida. O protagonista é impulsivo, bate antes de perguntar e em sua instabilidade acaba se tornando pouco confiável, o que acrescenta uma camada muito humana para a jornada em suas falhas e acertos.

Seja por sua inquietude nos movimentos de câmera que constantemente deslizam, pela trilha sonora marcante que retorna recorrentemente ao tema da valsa ( o que evidencia também o seu caráter coreográfico muito forte) ou por sua história que tensiona uma serie de questões delicadas, Oldboy continua tendo a força que demonstrou 20 anos atrás e até hoje influenciando produções com sua personalidade marcante.

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Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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